ARANHA, Maria
Lúcia de A. e MARTINS, Maria Helena Pires. “O que é Filosofia?” In: Filosofando. São Paulo: Moderna, 2a ed. 1993. (p. 71-78).
P. 71-72
Parag. 3-7 Introdução: “[...] Sócrates interpelava os transeuntes e dizia-se
ignorante, fazia perguntas aos que julgava entender de um determinado assunto.
Coloca o interlocutor em tal situação que não havia saída senão reconhecer sua
própria ignorância [...]”.
“[...] afinal,
acusado de corromper a mocidade [...] Sócrates foi condenado a morte [...] Na
prisão o mestre discutia com os discípulos questões sobre a imortalidade da
alma [...]”
“[...]
(matamos) a filosofia quando a tornamos pensamento dogmático e discurso do
poder ou ainda, quando cinicamente reabilitamos Sócrates morto, já que então se
tornou inofensivo.”
P. 72 Parag.
8-11 A Atitude Filosófica: “Etimologicamente (Fhilos-sophia) = amor à sabedoria [...] É bom observar que a
própria etimologia não é puro logos,
pura razão: ela é a procura amorosa da verdade”
“[...] A
admiração é a condição de onde deriva a capacidade de problematizar [...] isto
significa que a filosofia é sobretudo uma atitude, um pensar permanente [...]”
“[...] a própria
filosofia inicia na caminhada a partir dos problemas da existência, mas precisa
se afastar deles para melhor compreendê-los, retornando depois a fim de dar
subsídios para as mudanças.”
P. 72-73
Parag. 12-13 A Filosofia e a ciência: “No começo, a ciência estava ligada à
filosofia, sendo o filósofo o sábio que refletia sobre os setores da indagação
humana [...]”
Parag. 1-10 “A
partir do século XVII, a revolução metodológica iniciada por Galileu promove a autonomia
da ciência e o seu desligamento da filosofia [...] Com a fragmentação do saber
[...] além do aperfeiçoamento do método científico, fundado sobretudo na
experimentação e matematização.”
“[...] Se a
ciência tende cada vez mais para a especialização, a filosofia, no sentido
inverso, quer superar a fragmentação do real, para que o homem seja resgatado
na sua integridade e não sucumba à alienação do saber parcelado [...]”
“A filosofia
ainda se distingue da ciência pelo modo como aborda o seu objetivo: em todos os
setores do conhecimento e da ação [...]”
P. 73 Parag.
11 O processo de filosofar: “ [...] Na medida que somos seres racionais e sensíveis,
estamos sempre dando sentido as coisas. Ao “filosofar” espontâneo do homem
comum, costumamos chamar de filosofia de vida [...]”
P. 74 Parag.
6-13 A filosofia propriamente dita: “ [...] A filosofia propriamente dita tem
condições de surgir no momento em que pensar é posto em causa, tornando-se
objeto de reflexão [...]”
“Refletir é
retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, voltar para si mesmo e
colocar em questão o que já se conhece [...]”
“[...] A reflexão
filosófica é radical (no sentido figurado: fundamento, base), rigorosa (leva as
conclusões até as últimas bases) e de conjunto (a filosofia é globalizante)
[...]”
P. 75 Parag.
4-13 Qual é a “utilidade” da filosofia?: “ [...] está no fato de que, por meio
da reflexão, a filosofia permite ao homem ter mais de uma dimensão, além da
dada pelo agir imediato no qual o “homem prático” se encontra mergulhado [...]”
“Filosofar
sempre se confronta com o poder, e sua investigação não fica alheia a ética e a
política [...]”
“[...] a
filosofia é crítica da ideologia, enquanto forma ilusória de conhecimento que
visa a manutenção de privilégios [...]”
P. 76 Parag.
3-5 Filosofia: nem dogmatismo, nem ceticismo: “ [...] ceticismo é uma posição
filosófica que conclui pela impossibilidade do conhecimento [...] recusa a
formular qualquer conclusão [...]”
“[...]
dogmatismo, segundo o qual o filósofo se considera de posse de certezas e de
verdades absolutas e indubitáveis [...].”
“A filosofia
é movimento, pois o mundo é movimento. A certeza é a negação são dois momentos
(tese e antítese), que são superados pela síntese, que por sua vez será uma
nova tese, e assim por diante [...]”
P. 77 A
filosofia do mundo: “A filosofia tem utilidade? Por força da tradição, a
filosofia é polidamente respeitada, mas, no fundo, objeto de desprezo. É
deixada de lado por inúmeros motivos, mas cabe deixar de lado as questões
fundamentais da vida? Bastará ter opiniões e contentar-se com elas? Um instinto
vital, ignorado de si mesmo, odeia a filosofia. É melhor não pensar
filosoficamente par anão mudar meu estado de espírito, para não alterar minha
vida. E surge quem deseja substituir a obsoleta filosofia por algo de novo e
totalmente diverso [...] Contudo, a filosofia se vê denunciada como instrumento
servil de poderes políticos e outros [...] Muitos políticos veem facilitado seu
nefasto trabalho pela ausência da filosofia [...] Massas e funcionários são fáceis
de manipular quando não pensam e somente usam uma inteligência de rebanho. A
filosofia vê-se rodeada de inimigos, a maioria das quais nem tem consciência
dessa condição.
O problema crucial é o seguinte: a filosofia aspira à verdade, que o
mundo não quer. No mundo, a verdade está em conflito perpétuo. A filosofia leva
esse conflito ao extremo, porém o despe de violência. Eis porque a filosofia não
se transforma em credo. Está em contínua pugna consigo mesma. (Karl Jaspers,
Introdução ao pensamento filosófico, p. 138).”
P. 78 Ciência
e missão de Sócrates: “Indo ao oráculo, perguntei-os se existia alguém mais sábio
do que eu. O oráculo, por sua vez, negou que tal existisse. Mesmo sabendo que
era impossível o oráculo mentir, titubeei em aceitar sua afirmação, e decidi
fazer umas investigações. Fui atrás de quem eu achava que fosse sábio, mas
tirando em provas não encontrei ninguém mais sábio do que eu, apenas achei
inimizades daqueles que achavam ser sábios e de quem andava com eles.
Mesmo com isso não parei, mesmo
tornando-se odiado. Porque parecia importante dar a máxima importância ao
serviço de deus. Teria que averiguar todos que passavam por senhores de algum
saber.
Além disso, os moços que espontaneamente
me acompanham – e são os que dispõe de mais tempo, os das famílias ricas,
sentem prazer em ouvir o exame dos homens, chegam a imitar-me muitas vezes,
interrogando os outros, suponho que acharam uma multidão de pessoas que supõe
saber alguma coisa, mais sabem pouco, talvez nada. Contudo, os que eles
examinam voltam-se contra mim e não contra si mesmo e dizem que existe um tal Sócrates,
um grande miserável, que corrompe a mocidade. (Platão, Defesa de Sócrates. Col. Os
Pensadores, São Paulo, Abril Cultural, 1972, p. 14).”
Leandro
Moreira da Luz é economista e aluno do Curso de Direito da Faculdade Integrado
de Campo Mourão - PARANÁ – período 1/2013.

Sem comentários:
Enviar um comentário