NITRINI, Sandra. Literatura Comparada: história, teoria e
crítica. 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000. p. 125-128.
p. 127 § 1-2
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“O Conceito de influência tem duas acepções
diferentes. A primeira, a mais corrente, é que indica a soma de relações de
contato de qualquer espécie, que se pode estabelecer entre um emissor e um
receptor... A segunda é de ordem qualitativa. Influência é o resultado
artístico autônomo de uma relação de contato...”
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p. 128 § 2
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“Cianarescu aponta quatro sentidos para imitação.
O primeiro refere-se à mimesis, imitação da natureza como fonte de arte...”
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p. 128 § 3
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“O segundo sentido vincula-se à retórica do
Renascimento que aconselhou a imitação dos grandes autores antigos... uma
espécie de adaptação aos cânones e às formas e ao estado de espírito
contemporâneos, aos gêneros literários em vigor...”
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p. 129 § 2
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“ O terceiro sentido de imitação liga-se ao
processo de adaptação renascentista que apresentava como resultado um produto
literário, uma obra escrita, cujo título remete sempre ao de seu modelo...”
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p. 129 § 3
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“O quarto sentido seria aquele utilizado pelo
comparatismo e por meio do qual se verifica uma equivalência entre imitação e
influência...”
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p. 130 § 3
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“Para Aldrigdge, a influência de define como algo
que existe na obra de um autor que não poderia ter existido se ele não
tivesse lido a obra de um autor que o procedeu... Influência não é algo que
acontece no singular, na maneira concreta, mas deve ser buscada em diferentes
manifestações...”
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p. 130 § 5
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“Apontar influências sobre um autor é certamente
enfatizar antecedentes criativos da obra de arte e considera-la um produto
humano, não um objeto vazio.”
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p. 131 § 2
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“Guilé trabalha com duas acepções de influência:
como parte reconhecível e significante da gênese de uma obra literária e como
presença na obra de convenções técnicas, pertencendo ao equipamento do
escritor e às tradicionais possibilidades de seu meio.”
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p. 133 § 1
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“...Paulo Valéry... já detectara em seus
escritos, quatro categorias: a influência recebida, que consiste no contato
misterioso de dois espíritos ou na dívida de um autor para com outro; a
influência exercida sobre a posteridade, que determina, em grande parte, o
valor da própria obra emissora; a influência que o autor exerce sobre si
mesmo; e, finalmente, a influência por reação, ou seja, a recusa da
influência...”
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p. 134 § 2
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“A influência recebida não minimiza em nada a
originalidade que, no fundo, é uma das formas de influência...“
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p. 134 § 6
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“...A qualidade de digestão da substância dos
outros é que define os limites entre a originalidade e o plágio...”
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p. 135 § 3
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“...O desejo de originalidade é o pai de todos os
empréstimos, de todas as imitações.”
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p. 137 § 3
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“...um estudo de influência quando completamente
perseguido contém duas fases muito diferentes. O primeiro passo consiste na
interpretação de fenômenos genéticos. O segundo passo é textual e
comparativo, mas inteiramente dependente do primeiro para a sua
significação...”
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p. 138 § 1
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“...Uma constelação de convenções determina o
meio de expressão de uma geração literária – o repertório de possibilidades
que um escritor compartilha com seus rivais vivos...”
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p. 138 § 4
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“...Em outras palavras, as convenções literárias
constituem não somente ferramentas técnicas como também campos mais vastos ou
sistemas que derivam de influências prévias, singulares e genéticas.”
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p. 139 § 4
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“...a palavra original apresenta dos sentidos. O
primeiro equivale a imaginado sem modelo, aplicando-se à originalidade
absoluta, isto é, a criação a partir do nada. O segundo significa que tem sua
marca própria, remetendo à ideia de uma originalidade relativa. A validade
desta acepção é confirmada pela história literária.
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p. 140 § 1
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“...Século XVI... Naquela época, a imitação
constituía um princípio artístico, mas o escritor não devia imitar
servilmente, não devia sacrificar sua própria individualidade, ao contrário,
devia impregnar a obra com sua marca própria...”
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p. 140 § 2
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“...originalidade que vigorará... século XVII
apresenta duas características... uma ligada à ideia de inspiração, segundo a
qual a ação de escrever se desenrola sob os ditames dos poderes divinos...A
segunda característica... é que ela implica uma submissão com relação à época
e ao lugar na qual vive o escritor...”
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p. 141 § 2
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“...Odette de Mougues... A originalidade que
percebemos numa obra literária, ou seja, sua marca própria, não é outra coisa
senão o gênio criador que levou um escritor a escolher um assunto e modificar
uma técnica, etc...”
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p. 142 § 2
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“... Ana Balakian propõe quatro meios de ruptura:
o desvio ou deformação da convenção, a reversibilidade, à sátira da convenção
e o aperfeiçoamento de uma técnica que situa uma ideia já conhecida num clima
linguístico propício...”
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p. 142 § 3
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“...As maiores obras primas da literatura
europeia não são originais (origem), tendo-se inspirado em fontes que outras,
antes delas, já tinham encontrado...”
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p. 143 § 1
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“...Algumas vezes o desvio é produzido por um
combate a tradição, levando a uma reversibilidade total do tema original. É o
caso dos escritores modernos que tomam emprestados títulos clássicos para
fazer o contrário...”
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p. 143 § 2
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“...a sátira do tema conhecido... menos radical
que a reversibilidade, a sátira se inspira mais no clima social do que numa filosofia
de revolta pessoal...”
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p. 143 § 3
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“Finalmente, Anna Balakian se detém na
originalidade que provém da técnica...”
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p. 146 § 2
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“Defensor da ideia de autonomia do estético...
Blomm... considera, também, a soberania da alma solitária, o leitor não como
uma pessoa na sociedade, mas como o eu profundo, nossa interioridade última.”
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p. 146 § 3
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“Em A Angústia da Influência, Harold Bloom
defende a tese de que a história da poesia se confunde com a das influências
poéticas, pois os poetas fortes fazem a história deslendo-se uns aos outros,
de maneira a abrir um espaço próprio de fabulação.”
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p. 146 § 4
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“...A grande literatura é um permanente
reescrever e revisar. Portanto, os poetas fortes criam, a partir de uma
desleitura de outros, vale dizer, a partir de um processo que envolve várias
modalidades de apropriação, com o intuito de se circunscrever um espaço
imaginativo peculiar a cada um.”
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p. 148 § 3
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“Clinamem... corresponde a desleitura ou
desapropriação poética propriamente dita... Um poeta forte executa um
clinamem como o poema de seu precursor quando, ao lê-lo, desvia-se dele.
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p. 149 § 3
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“Tessera indica um movimento revisionário
consubstanciado numa complementação antitética: o poeta efebo preserva os
termos do poema-antecedente, mas altera seu significado, como se o precursor
não tivesse ido longe o bastante...”
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p. 151 § 1
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“Kenosis marca uma descontinuidade com relação ao
precursor... Neste ato revisionário ocorrre no poema novo um esvaziamento, ou
vazante com relação ao precursor...”
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p. 151 § 3
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“Demonização equivale à desleitura direcionada
para o Contra-Sublime próprio...”
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p. 153 § 1
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“Askesis é sublimação poética, uma forma de
purgação, cujo objetivo imediato é chegar a um estado de isolamento... A tese
de Bloom é de que neste ato revisionário purificador, o poeta forte só tem
consciência de si mesmo e daquele outro que deve, afinal, destruir: seu
percursor...”
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p. 154 § 2
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“Apophrades... Desse fenômeno decorre o efeito
estranhíssimo, segundo o qual o sucesso do novo poema é creditado ao fato de
que o segundo poeta ter escrito a obra característica de seu precursor... é
possível crer, por alguns momentos surpreendentes, que estão, eles mesmos,
sendo imitados por seus ancestrais”
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p. 158 § 2
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“A intertextualidade se insere numa teoria
totalizante do texto, englobando suas relações com o sujeito, o inconsciente
e a ideologia, numa perspectiva semiótica...”
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p. 159 § 2
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“Para Bakhtin, a palavra literária, isto é, a
unidade mínima da estrutura literária não se congela num ponto, num sentido
fixo: ao contrário, constitui um cruzamento de superfícies textuais, um
diálogo entre diversas criaturas: a do escritor, do destinatário (ou
personagem), do contexto atual ou anterior. O texto, portanto, situa-se na
história e na sociedade...”
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p. 160 § 2
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“O estatuto da palavra define-se horizontalmente,
a palavra texto pertence simultaneamente ao sujeito da escritura e ao
destinatário, e verticalmente, a palavra no texto esta orientada para o
corpus literário anterior ou sincrônico.”
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p. 160 § 3
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“...o diálogo não só é a linguagem assumida pelo
sujeito: é também uma escritura na qual se lê o outro...”
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p. 162 § 4
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“...Ler denota, pois, uma participação agressiva,
uma expropriação ativa do outro...”
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p. 164§ 2
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“Há, portanto, três elementos em jogo: o
intertexto (o novo texto), o enunciado estranho que foi incorporado e o texto
de onde este último foi extraído...”
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p. 165 § 3
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“...O conceito de intertexto leva em consideração
a sociabilidade da escrita literária, cuja individualidade se realiza até
certo ponto no cruzamento particular de escrituras prévias.”
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p. 166 § 1
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“...é evidente que as alusões de um texto a outro
nem sempre são explícitas, sobretudo se pensarmos que o aludido muitas vezes
não é uma frase, uma expressão, uma fórmula ou um tópico, mas uma estrutura
verbal, uma forma poética ou narrativa ou um paradigma genérico...”’
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p. 169 § 2
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“...Os estudos de recepção procuram destacar a
atividade daquele que recebe mais do que a atividade potencial do objeto
recebido, de modo que a relação obra-leitor passa a constituir um caráter
fundamental do fato literário...”
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p. 171 § 2
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“Recepção como noção estética abrange um duplo
sentido: passivo e ativo ao mesmo tempo...”
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Leandro Moreira da Luz é aluno da
disciplina Literatura e outras linguagens: relações dialógicas no Programa de
Pós-Graduação em Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do
Paraná. Campus de Campo Mourão – período 1/2014.
Excelente resenha!
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