sábado, 4 de julho de 2015

Fichamento (NITRINI): Literatura Comparada: história, teoria e crítica.



NITRINI, Sandra.  Literatura Comparada: história, teoria e crítica. 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000. p. 125-128.


p. 127 § 1-2
“O Conceito de influência tem duas acepções diferentes. A primeira, a mais corrente, é que indica a soma de relações de contato de qualquer espécie, que se pode estabelecer entre um emissor e um receptor... A segunda é de ordem qualitativa. Influência é o resultado artístico autônomo de uma relação de contato...”

p. 128 § 2
“Cianarescu aponta quatro sentidos para imitação. O primeiro refere-se à mimesis, imitação da natureza como fonte de arte...”

p. 128 § 3
“O segundo sentido vincula-se à retórica do Renascimento que aconselhou a imitação dos grandes autores antigos... uma espécie de adaptação aos cânones e às formas e ao estado de espírito contemporâneos, aos gêneros literários em vigor...”

p. 129 § 2
“ O terceiro sentido de imitação liga-se ao processo de adaptação renascentista que apresentava como resultado um produto literário, uma obra escrita, cujo título remete sempre ao de seu modelo...”

p. 129 § 3
“O quarto sentido seria aquele utilizado pelo comparatismo e por meio do qual se verifica uma equivalência entre imitação e influência...”

p. 130 § 3
“Para Aldrigdge, a influência de define como algo que existe na obra de um autor que não poderia ter existido se ele não tivesse lido a obra de um autor que o procedeu... Influência não é algo que acontece no singular, na maneira concreta, mas deve ser buscada em diferentes manifestações...”

p. 130 § 5
“Apontar influências sobre um autor é certamente enfatizar antecedentes criativos da obra de arte e considera-la um produto humano, não um objeto vazio.”

p. 131 § 2
“Guilé trabalha com duas acepções de influência: como parte reconhecível e significante da gênese de uma obra literária e como presença na obra de convenções técnicas, pertencendo ao equipamento do escritor e às tradicionais possibilidades de seu meio.”

p. 133 § 1
“...Paulo Valéry... já detectara em seus escritos, quatro categorias: a influência recebida, que consiste no contato misterioso de dois espíritos ou na dívida de um autor para com outro; a influência exercida sobre a posteridade, que determina, em grande parte, o valor da própria obra emissora; a influência que o autor exerce sobre si mesmo; e, finalmente, a influência por reação, ou seja, a recusa da influência...”

p. 134 § 2
“A influência recebida não minimiza em nada a originalidade que, no fundo, é uma das formas de influência...“

p. 134 § 6
“...A qualidade de digestão da substância dos outros é que define os limites entre a originalidade e o plágio...”

p. 135 § 3
“...O desejo de originalidade é o pai de todos os empréstimos, de todas as imitações.”

p. 137 § 3
“...um estudo de influência quando completamente perseguido contém duas fases muito diferentes. O primeiro passo consiste na interpretação de fenômenos genéticos. O segundo passo é textual e comparativo, mas inteiramente dependente do primeiro para a sua significação...”

p. 138 § 1
“...Uma constelação de convenções determina o meio de expressão de uma geração literária – o repertório de possibilidades que um escritor compartilha com seus rivais vivos...”

p. 138 § 4
“...Em outras palavras, as convenções literárias constituem não somente ferramentas técnicas como também campos mais vastos ou sistemas que derivam de influências prévias, singulares e genéticas.”

p. 139 § 4
“...a palavra original apresenta dos sentidos. O primeiro equivale a imaginado sem modelo, aplicando-se à originalidade absoluta, isto é, a criação a partir do nada. O segundo significa que tem sua marca própria, remetendo à ideia de uma originalidade relativa. A validade desta acepção é confirmada pela história literária.

p. 140 § 1
“...Século XVI... Naquela época, a imitação constituía um princípio artístico, mas o escritor não devia imitar servilmente, não devia sacrificar sua própria individualidade, ao contrário, devia impregnar a obra com sua marca própria...”

p. 140 § 2
“...originalidade que vigorará... século XVII apresenta duas características... uma ligada à ideia de inspiração, segundo a qual a ação de escrever se desenrola sob os ditames dos poderes divinos...A segunda característica... é que ela implica uma submissão com relação à época e ao lugar na qual vive o escritor...”

p. 141 § 2
“...Odette de Mougues... A originalidade que percebemos numa obra literária, ou seja, sua marca própria, não é outra coisa senão o gênio criador que levou um escritor a escolher um assunto e modificar uma técnica, etc...”

p. 142 § 2
“... Ana Balakian propõe quatro meios de ruptura: o desvio ou deformação da convenção, a reversibilidade, à sátira da convenção e o aperfeiçoamento de uma técnica que situa uma ideia já conhecida num clima linguístico propício...”

p. 142 § 3
“...As maiores obras primas da literatura europeia não são originais (origem), tendo-se inspirado em fontes que outras, antes delas, já tinham encontrado...”

p. 143 § 1
“...Algumas vezes o desvio é produzido por um combate a tradição, levando a uma reversibilidade total do tema original. É o caso dos escritores modernos que tomam emprestados títulos clássicos para fazer o contrário...”

p. 143 § 2
“...a sátira do tema conhecido... menos radical que a reversibilidade, a sátira se inspira mais no clima social do que numa filosofia de revolta pessoal...”

p. 143 § 3
“Finalmente, Anna Balakian se detém na originalidade que provém da técnica...”

p. 146 § 2
“Defensor da ideia de autonomia do estético... Blomm... considera, também, a soberania da alma solitária, o leitor não como uma pessoa na sociedade, mas como o eu profundo, nossa interioridade última.”

p. 146 § 3
“Em A Angústia da Influência, Harold Bloom defende a tese de que a história da poesia se confunde com a das influências poéticas, pois os poetas fortes fazem a história deslendo-se uns aos outros, de maneira a abrir um espaço próprio de fabulação.”

p. 146 § 4
“...A grande literatura é um permanente reescrever e revisar. Portanto, os poetas fortes criam, a partir de uma desleitura de outros, vale dizer, a partir de um processo que envolve várias modalidades de apropriação, com o intuito de se circunscrever um espaço imaginativo peculiar a cada um.”

p. 148 § 3
“Clinamem... corresponde a desleitura ou desapropriação poética propriamente dita... Um poeta forte executa um clinamem como o poema de seu precursor quando, ao lê-lo, desvia-se dele.

p. 149 § 3
“Tessera indica um movimento revisionário consubstanciado numa complementação antitética: o poeta efebo preserva os termos do poema-antecedente, mas altera seu significado, como se o precursor não tivesse ido longe o bastante...”

p. 151 § 1
“Kenosis marca uma descontinuidade com relação ao precursor... Neste ato revisionário ocorrre no poema novo um esvaziamento, ou vazante com relação ao precursor...”

p. 151 § 3
“Demonização equivale à desleitura direcionada para o Contra-Sublime próprio...”

p. 153 § 1
“Askesis é sublimação poética, uma forma de purgação, cujo objetivo imediato é chegar a um estado de isolamento... A tese de Bloom é de que neste ato revisionário purificador, o poeta forte só tem consciência de si mesmo e daquele outro que deve, afinal, destruir: seu percursor...”

p. 154 § 2
“Apophrades... Desse fenômeno decorre o efeito estranhíssimo, segundo o qual o sucesso do novo poema é creditado ao fato de que o segundo poeta ter escrito a obra característica de seu precursor... é possível crer, por alguns momentos surpreendentes, que estão, eles mesmos, sendo imitados por seus ancestrais”

p. 158 § 2
“A intertextualidade se insere numa teoria totalizante do texto, englobando suas relações com o sujeito, o inconsciente e a ideologia, numa perspectiva semiótica...”

p. 159 § 2
“Para Bakhtin, a palavra literária, isto é, a unidade mínima da estrutura literária não se congela num ponto, num sentido fixo: ao contrário, constitui um cruzamento de superfícies textuais, um diálogo entre diversas criaturas: a do escritor, do destinatário (ou personagem), do contexto atual ou anterior. O texto, portanto, situa-se na história e na sociedade...”

p. 160 § 2
“O estatuto da palavra define-se horizontalmente, a palavra texto pertence simultaneamente ao sujeito da escritura e ao destinatário, e verticalmente, a palavra no texto esta orientada para o corpus literário anterior ou sincrônico.”

p. 160 § 3
“...o diálogo não só é a linguagem assumida pelo sujeito: é também uma escritura na qual se lê o outro...”

p. 162 § 4
“...Ler denota, pois, uma participação agressiva, uma expropriação ativa do outro...”

p. 164§ 2
“Há, portanto, três elementos em jogo: o intertexto (o novo texto), o enunciado estranho que foi incorporado e o texto de onde este último foi extraído...”

p. 165 § 3
“...O conceito de intertexto leva em consideração a sociabilidade da escrita literária, cuja individualidade se realiza até certo ponto no cruzamento particular de escrituras prévias.”

p. 166 § 1
“...é evidente que as alusões de um texto a outro nem sempre são explícitas, sobretudo se pensarmos que o aludido muitas vezes não é uma frase, uma expressão, uma fórmula ou um tópico, mas uma estrutura verbal, uma forma poética ou narrativa ou um paradigma genérico...”’

p. 169 § 2
“...Os estudos de recepção procuram destacar a atividade daquele que recebe mais do que a atividade potencial do objeto recebido, de modo que a relação obra-leitor passa a constituir um caráter fundamental do fato literário...”

p. 171 § 2
“Recepção como noção estética abrange um duplo sentido: passivo e ativo ao mesmo tempo...”




             
            Leandro Moreira da Luz é aluno da disciplina Literatura e outras linguagens: relações dialógicas no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do Paraná. Campus de Campo Mourão – período 1/2014.

           

           

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