segunda-feira, 6 de julho de 2015

Fichamento (ÉTIENNE): A correspondência das artes: elementos de estética comparada.



ÉTIENNE, Souriau.  A correspondência das artes: elementos de estética comparada. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 1983. p. 01-49.


p. 3 § 1
“O vento são todos os ventos... A arte são todas as artes... o que tem em comum essas diferentes atividades criadoras, que esculpem suas obras uma no mármore, outras na projeção de luzes contra uma tela, outras ainda no ar posto em vibração, e assim por diante... Percebe-se a dificuldade que existe em ser rigoroso num campo que pode parecer aéreo e sutil...”

p. 4 § 1
“... Como é fácil cair assim numa síntese intuitiva ou filosoficamente absconsa!...”

p. 4 § 3
“... um músico é, não somente de fato, mas mesmo por vocação, um homem comprometido a fundo com o universo das sonoridades...”

p. 5 § 2
“... admitimos haver alguma analogia entre a tradução de uma ideia artística em pintura, música ou escultura, e a tradução de uma ideia literária, poética por exemplo, em francês, inglês ou alemão. Cada linguagem traz consigo recursos próprios e insuficiências, e trata o assunto a seu modo próprio...”

p. 5 § 2
“... É claro que cada um desses tratamentos teve exigências próprias, seja tecnicamente, seja pela maneira de julgar que se impunha a artistas orientados de modo muito diferentes uns dos outros. É o que queremos dizer ao chamar de estética comparada...”

p. 5 § 3
“Com que dificuldades depara tal empreendimento?... primeiro adversário é o espírito de metáfora e de aproximações verbais literárias imprecisas... muitas pessoas... não se importam... em ver exposta uma estética séria, metodicamente exigente, e acham mais agradável brincar vagamente com um jargão de pretenso conhecedor do que sujeitar-se a formar conceitos precisos e designá-los numa linguagem estrita e bem determinada...”

p. 6 § 2
“... Outro obstáculo... aceitar por antecipação uma espécie de redução à priori à unidade, pela predominância atribuída a uma arte sobre as demais...”

p. 7 § 2
“Em qualquer arte, o artista é obrigado a estabelecer um modus vivendi concreto entre o querer e o poder. O artista força a matéria a manifestar seu sonho, mas isso apenas quando esse sonho já tiver desposado uma matéria.”

p. 8-9 § 3
“...Terceira objeção... É contra esse acréscimo que protesto: barras que indicam cortes não tem relação alguma com as barras de compasso em música, as quais nunca são cortes...”

p. 14 § 1
“... Nada mais evidente do que a existência de um tipo de parentesco entre as artes. Pintores, escultores, músicos, poetas, são levitas do mesmo templo...”“

p. 14 § 2
“... E quantos agradáveis efeitos do estilo, quantas metáforas graciosas, ao se usar numa arte o vocabulário de outra!...”

p. 14 § 5
“... Dentre os poderes espirituais do homem, foi a arte que construiu todo um universo povoado de criaturas, umas imateriais _ sinfonias, prelúdios, noturnos; sonetos, baladas, epopeias _ outras visíveis ao sol ou à lua, como os templos, catedrais, aquedutos, obeliscos, esfinges, estátuas...”

p. 15 § 21
“... Loucura divina, talvez se (como muitos acreditam) o divino interfere, ainda que pouco, através da inspiração...”

p. 16 § 1
“... muitos pintores preocuparam-se seriamente com a possibilidade de aplicar receitas musicais à harmonia das cores...”

p. 16 § 3
“... Poesia, arquitetura, dança, música, escultura, pintura são todas atividades que, sem dúvida, profunda, misteriosamente, se comunicam ou comungam. Contudo, quantas diferenças! ...”

p. 19 § 1
“Chamar-se-á, aqui, de estética comparada à disciplina cuja base é o confronto das obras entre si e dos procedimentos das diferentes artes, tais como a pintura, o desenho, a escultura, a arquitetura, a poesia, a dança, a música, etc...”

p. 20 § 3
“Por analogia, poder-se-ia pensar, sob o nome estética comparada, num confronto de gostos, estilos, funções entre os diferentes povos, ou em diversas épocas históricas, ou em grupos sociais distintos...”

p. 23 § 4
“Algumas artes imitam-se mutuamente com maior facilidade que outras, como línguas aparentadas...”

p. 24 § 2
“... As diferentes artes são como línguas diferentes, entre as quais a imitação exige a tradução, o pensar num material expressivo totalmente diferente, a invenção de efeitos artísticos paralelos de preferência aos literalmente semelhantes...”

p. 27 § 5
“Como se há de alcançar tal rigor? De início e antes de mais nada evitando a metáfora, peste da estética comparada. Se alguém diz, ao falar de um quadro... ‘é uma sinfonia em azul maior’, desfia sem razão plausível palavras vazias...”

p. 30 § 3
“A arte, essa força instauradora, praticamente deslocou, arrastou em suas correntes e vias, organizou e ordenou quantidades enormes de matéria; matéria carregada de significações psíquicas e assim conectada a imensas perspectivas espirituais...”

p. 31 § 6
“Com efeito, não esqueçamos isto, que é essencial: quaisquer que sejam as similitudes que possamos encontrar, por exemplo, entre uma melodia e um arabesco decorativo, entre uma combinação de cores e um acorde musical... nem o músico, nem o desenhista ou o pintor, entretanto, as desejaram ou procuraram. O músico pensou musicalmente, o pintor plasticamente...”

p. 33 § 1
“... o estudo das diversas artes particulares pode ganhar em profundidade ou precisão graças a esse confronto de cada uma com todas as demais...”

p. 35 § 2
“Que é arte?... É o conjunto de ações orientadas e motivadas, que tendem expressamente a conduzir um ser (será preciso acrescentar factíci?...)do nada ou de um caos inicial até a existência completa, singular, concreta que se atesta em presença indubitável...”

p. 35 § 3
“...A arte não é apenas o que faz a obra, é aquilo que a conduz e orienta...”

p. 38 § 2
“... A maioria das ações humanas são orientadas, não para a produção dos seres, mas para a dos acontecimentos...”

p. 41 § 3
“As artes, dizíamos nós, fabricam coisas... Cada uma dessas obras é ainda todo um mundo, com suas dimensões espaciais, temporais e também suas dimensões espirituais, com ocupantes reais ou virtuais, inanimados ou animados, humanos ou sobre humanos, com o universo de pensamentos que desperta e mantém fulgurantes para os espíritos. E é um universo que veio simultaneamente ao ser, à presença.”

p. 42 § 1
“...A beleza não passa de um sinal global de todas as harmonias, todos os desabrochamentos, todas as invenções, todos os sortilégios, todos os sorrisos e todas as apoteoses, todas as boas execuções e as realizações necessárias a esse resultado...”

p. 44 § 2
“...Comumente, é a natureza quem decide isso; é ela que, de acordo com suas próprias normas, construirá, misteriosamente, sabiamente, delicadamente, o ser novo. É ela a artista.”

p. 45 § 2
“Critério eficaz, permite denunciar uma ilusão e, mostrar exatamente a que se refere. Sim, se dessa forma, a aparência instauradora dos processos naturais é pura ilusão... A ilusão da arte vem do fato de estarmos atentos a esse fazer e  desfazer, a esse desabrochar e murchar dos seres, que é apenas um reflexo enganador da indiferente atividade da natureza...

p. 49 § 2
“A arte humana, aliás, apoia-se integralmente nessa arte natural... a arte humana conserva o direito e tenta a aventura de fazer com que a forma sirva e seus desígnios e de só invocar a matéria subsidiariamente, na medida em que ela se presta a tais desígnios...”




             
            Leandro Moreira da Luz é aluno da disciplina Literatura e outras linguagens: relações dialógicas no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do Paraná. Campus de Campo Mourão – período 1/2014.

           

           

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