PRAZ, Mário. Literatura e artes visuais. São Paulo:
Cultrix: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1982. p. 01-55.
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p. 1 § 1
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“...A obra de arte ... é um produto único...”
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p. 2 § 1
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“... desde esses tempos remotos os nosso dias tem
havido mútua compreensão e correspondência entre a pintura e a poesia...”
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p. 2 § 2
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“... as coisas divinas devem ser ocultas por
enigmas e dissimulação poéticas...”
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p. 3 § 1
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“... como certas pinturas, alguns certos poemas
agradam uma única vez, ao passo que outros resistem a leituras repetidas e a
exame crítico minucioso...”
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p. 3 § 2
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“Em textos que tais fundou-se a prática de
pintores e poetas durante séculos; aqueles iam buscar, para suas composições,
inspiração nos temas literários, e estes tentavam pôr diante dos olhos dos
leitores imagens que somente as artes visuais, ter-se-ia pensado, poderiam
adequadamente oferecer...”
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p. 4 § 1
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“... a arte só pode ser eficaz na medida em que
mantenha contato com o mundo visível... testemunham-no os incansáveis
esforços dos poetas de emular os pintores na sensualidade de suas
descrições...”
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p. 5 § 1
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“...Dessa maneira, formou-se um panteon de
pintores, uma constelação de nomes e de obras que exerceram influência
preeminente sobre o gosto...”
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p. 10 § 1
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“...Uma opinião generalizada sustenta que os
poetas anteciparam-se aos pintores na descoberta de novos reinos da
imaginação, mas Hagstrum mostrou, em seu livro, que James Thomson, celebrado
como o inventor da paisagem romântica, não fez senão transferir para a poesia
temas comuns aos paisagistas do século XVII...”
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p. 17 § 2
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“...as artes plásticas, a literatura, a música _
têm cada qual sua evolução individual, de ritmo diferente e diferente
estruturação interna dos elementos...Devemos conceber a soa total das
atividades culturais do Homem como um sistema integral de séries que se
desenvolvem por si, cada uma delas contando seu próprio conjunto de normas,
as quais não são necessariamente idênticas às das séries vizinhas...”
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p. 19 § 2
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“... Nenhum professor ginasial da Itália deixa
jamais de mencionar a Primavera de Botticelli
quando fala de Stanze de Poliziano:
duas obras cujas semelhanças são muito menos significativas que suas
diferenças...”
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p. 23 § 1
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“Comparar as belezas de um poeta com as de outro
poeta é coisa que já se fez milhares de vezes. Mas congregar as belezas
comuns da poesia, da pintura e da música; mostrar-lhes as analogias; explicar
como o poeta, o pintor e o músico representam a mesma imagem; surpreender os
emblemas fugitivos de sua expressão; examinar se não haveria alguma
similitude entre os emblemas, etc... “
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p. 24 § 2
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“... A música e a arte do arabesco (uma forma
primária de desenho) são, assim, consideradas afins...”
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p. 24 § 3
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“... Cada época tem a sua caligrafia ou
caligrafias peculiares, que, se se pudesse interpretar, iria revelar-lhe o
caráter, ou mesmo a aparência, ou mesmo a aparência física, assim como, a
partir do fragmento de um fóssil, os paleontólogos podem reconstruir o animal
inteiro...”
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p. 25 § 1
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“... a afinidade das composições correlacionadas,
tanto musical como visual ou literária, parece culminar no esforço de
exprimir, da mesma maneira, as mesmas coisas inexprimíveis; conjurar por via
de diferentes encantamentos o mesmo mundo metafísico semi-revelado...”
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p. 25 § 3
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“... Souriau mostrou-nos que uma composição
musical pode ser traduzida numa forma gráfica que é, por assim dizer, o signo
manual do artista ...”
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p. 26 § 2
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“...As impressões, vale dizer, os conteúdos,
variam: cada conteúdo difere de outro, porque nada se repete na vida; e da
contínua variedade de conteúdos segue-se a irredutível variedade dos fatos
expressivos, os quais são as sínteses estéticas das impressões.”
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p. 28 § 1
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“... o estilo de uma época está estampado em
todas as suas formas artísticas, inclusive na arte comercial da confecção de
roupas, a despeito de toda a sua propalada extravagância...”
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p. 28 § 3
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“A unidade de gosto é mais ou menos
distintintamente perceptível em todos os períodos históricos. É útil, por
isso, comparar as características da arquitetura e do vestuário,
respectivamente, porque isso nos ajudará a compreender o clima em que os
trajes de moda na época foram cirados...”
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p. 33 § 2
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“... Toda estimativa estética representa o
encontro de duas sensibilidades, a sensibilidade do autor da obra de arte e a
do intérprete. Aquilo a que chamamos interpretação é, por outras palavras, o
resultado da filtragem da expressão de outrem pela nossa própria
personalidade...”
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p. 34 § 1
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“... o imitador de uma obra de arte cristaliza a
interpretação e o gosto da época em que está trabalhando...”
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p. 39 § 4
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“Assim, as teorias e as intenções conscientes têm
significados muitos diversos nas várias artes e pouco ou nada dizem dos
resultados concretos da atividade de um artista: a sua obra e o conteúdo e
forma específicos desta...”
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p. 39 § 5
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“Aqueles raros casos em que o artista e o poeta
são a mesma pessoa é onde melhor se pode surpreender quão pouco concludente
para a exegese específica é o método baseado na intenção do autor...”
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p. 44 § 3
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“Michelangelo foi insigne como artista e apenas
mediano como poeta, mas podemos acaso sustentar que há tamanha distância
entre sua obra de pintor, escultor e arquiteto, de uma parte, e seus sonetos,
de outra, a ponto de tornar a comparação inútil?”
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p. 54 § 2
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“Para concluir, pode-se sustentar que há uma
parecença geral entre todas as obras de arte de uma época, que imitações
posteriores confirmam denunciando elementos heterogêneos; que há uma unidade
latente ou manifesta nas produções do mesmo artista, qualquer que seja o
campo onde experimenta a mão; e que as tradições exercem influência
diferenciadora não só entre uma e outra arte, mas também dentro da mesma
arte, pelo que nada existe na alegação de Wellek e Warren, como tampouco nas
objeções de Lessing formuladas em Laokoon, capaz de desencorajar-nos da busca
de um vínculo comum entre as diversas artes.
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Leandro Moreira da Luz é aluno da
disciplina Literatura e outras linguagens: relações dialógicas no Programa de
Pós-Graduação em Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do
Paraná. Campus de Campo Mourão – período 1/2014.

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