SILVA, Gislene M. B. L. F. Era uma vez um homem e o seu tempo: aspectos
éticos e estéticos na lírica de Belchior. Estudos de Literatura Brasileira
Contemporânea, n. 27, 2006, p. 103-135.
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p. 103 § 1
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Desde o começo da criação a obra é, para o
artista, a concretização de um anseio de comunicação com o Outro. Como busca
intensa de comunicação pela linguagem simbólica, o texto artístico alcança
seu sentido para o criador se, na outra extremidade do processo, aquele que
recebe busca senti-lo, compreendê-lo e assimilá-lo em toda sua extensão”
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O texto coloca-se como
espaço de interação entre interlocutores
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p. 103 § 2
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Compreendendo a necessidade de forma esta rede de
relações que o ligassem ao Outro, o
poeta-compositor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, em
janeiro de 1971, deixa a sua cidade em direção ao Rio de Janeiro...
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- a leitura monológica
não contribui para o indivíduo – cultura afirmativa...
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p. 103 § 2
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...Naquele mesmo mês de sua chegada ao Rio
ganhara o prêmio do IV Festival Universitário de Música Popular Brasileira,
com a canção “Na hora do Almoço”...
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p. 103 § 2
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.... estar instalado no eixo Rio-São Paulo
propiciou-lhe uma visibilidade que levou suas canções à consagração por
intérpretes célebres da MPB...
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p. 104 § 2
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...o triunfo na carreira artística do
poeta-compositor coroa-se com a existência e a concretização do desejo de um
projeto ético e, ao mesmo tempo, estético...
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O poema de Cabral
“tecendo a manhã”
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p. 104 § 2
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O aspecto ético.... está presente na voz que fala
a partir de uma dupla condição: em determinado momento, é o jovem migrante
nordestino, excluído e massacrado pelas desigualdades perversas e dinâmicas
sociais, o sujeito brasileiro e latino-americano; em outras ocasiões,
emerge voz do indívíduo letrado,
vinculado a seu tempo e a uma elite intelectual, que, sobretudo, dialoga
com produção literária canônica que
antecede à sua própria criação e com ser universal imanente à obra.
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A condição da linguagem é
o dialogismo
- ASPECTO ÉTICO
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p. 104 § 3
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No aspecto estético... constrói sua obra dentro
de um estilo original, tanto do ponto de vista temático, quanto da
linguagem... a literatura brasileira está presente, por meio d
intertextualidade, em sua elaboração poética.
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- ASPECTO
ESTÉTICO
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p. 104 § 4
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...desejo do artista em articular sua produção
dentro de um caminho lúcido, consciente, crítico, de não-adesão às regras da
indústria cultura...
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ADORNO
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p. 105 § 2
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...suas letras valem-se, no aspecto estético, da
apropriação de versos de poetas do cânone, e ainda de signos e símbolos do
imaginário literário nacional...Da perspectiva ética, a problemática da
identidade e a adaptação do migrante à cidade grande revelam-se em
“Fotografia 3x4”. “Conheço o meu lugar” repercute os últimos laivos da
ditadura militar em sua criação artística, enquanto “Os profissionais”
registra a frustração dos ideais de uma geração. Por fim “Ypê” inscreve uma
inquietação do sujeito universal, concentrado na experiência filosófica do
ser.
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Como ocorre em “Retórica Sentimental”
- APROPRIAÇÃO
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p. 105 § 3
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Para o poeta-compositor, a arte está relacionada
à realidade cotidiana do homem, por isso a produz calcada em elementos
imediatos, em um movimento peculiar de enxergar o mundo, a arte e exercitar
sua criatividade no texto poético.
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Daí poder-se considerar sua
criação poética como verdadeira, sem afetações, vendo nela a demonstração da
consciência e a responsabilidade das consequências sociais e morais de seus
princípios e atitudes.
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p. 106 § 1
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Suas composições inserem-no em uma tradição
literária nacional da qual fazem parte poetas e ficcionistas desde José de
Alencar, Gonçalves Dias, Álvaro de Azevedo, Manuel Bandeira até Chico Buarque
e Caetano Veloso, entre muitos outros.
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Dentre os aspectos da
linguagem, a apropriação intelectual de versos de poetas antecessores e o
emprego da intertextualidade...
- Apropriação intelectual
e o emprego da intertextualidade
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p. 106 § 2
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...construindo um intenso e incessante diálogo
com textos de poetas do cânone nacional, seja na forma de citações de versos
de poemas consagrados, seja na inserção, em suas criações, de elementos de
mitopoética da identidade brasileira...Ele recupera em sua lírica uma série
de signos que compõem o universo simbólico da série literária nacional, os
quais por sua vez, participam do imaginário e da identidade do sujeito
cultural e ideológico brasileiro...
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O poeta acredita que a
MPB seja um veículo de divulgação da poesia (ao organizar seu texto a partir
dessa imagética criada e/ou valorizada por autores canônicos...)
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p. 107 § 3
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“nem mesmo as obras contemporâneas mais
autoconscientes e paródicas tentam escapar ao contexto histórico, social e
ideológico nos quais existiram e continuam a existir, mas chegam mesmo a
coloca-los em relevo”
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Conforme teoriza Linda
Hutcheon
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p. 107 § 3
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Com isso, o poeta constrói seus textos sob uma
base de citações e intertextos, enfim, lugares-comuns que recupera a fim de
construir um discurso crítico em que o “texto histórico soa estranhamente”
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(SANT´ANNA, Musica
Popular e moderna poesia brasileira, p. 28)
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p. 106 § 2
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... o discurso aparece como uma arena de
conflitos...”a segunda voz, uma vez instalada no discurso do outro, entra em
hostilidade com o seu agente primitivo e o obriga a servir a fins
diametralmente opostos. O discurso se converte, então, em palco de luta entre
duas vozes”
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(BAKHTIN, Problemas da
poética de Dostoiévski, p. 168)
... nas letras de
Belchior esse embate se dá de forma a dessacralizar valores estabelecidos e
desvelar um outro lado da realidade, como ocorre em “Retórica Sentimental” de
1979... essa letra-poema recobra o romantismo nacionalista no qual a
literatura, tanto na poesia como na narrativa ficcional, constrói um projeto
nação brasileira a partir de mitos cridos com a exploração de aspectos da
natureza exuberante e generosa de um lugar chamado Brasil... bem como com a
criação de histórias, lendas e textos que fixaram, no imaginário nacional,
figuras como Iracema, Ceci, Peri, o sabiá que canta nas palmeiras, e tantos
outros elementos...
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p. 109 § 9
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...Em que pese a anuência do eu lírico ao contrato
de adesão à retórica nacionalista, ele faz de modo a provocar o estranhamento
de que fala Sant´Anna.
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Dizer que a mistura
étnica e racial caracteriza o Brasil... reverbera a visão eurocêntrica
dissemina a respeito do país...
- discurso sentimental
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p. 111 § 2
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Quando se apropria do intertexto ou de signos da
poesia canônica brasileira, o faz a fim de assimilá-lo, consciente e
intencionalmente, em sua criação, seja para protestar, denunciar ou criticar
uma realidade do universo simbólico poético nacional...
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...a intertextualidade é
um aspecto intrínseco a qualquer texto e a “linguagem poética surge como um
diálogo de textos, pois tanto evoca como soma, transformando o evocado em
nova escritura” (CYNTRÃO, Como ler um texto poético, p. 48)
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p. 111 § 4
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Uma constante na poética de Belchior é a questão
de identidade nacional, em textos que dão a ver a própria noção de identidade
como algo móvel.
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“os discursos e os
sistemas de representação constroem os lugares a partir dos quais os
indivíduos podem se posicionar e a partir dos quais podem falar” (WOODWARD,
Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual, p. 17)
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p. 112 § 2
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...pais como o Brasil, que possui um identidade
plural...
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“frente à realidade
complexa e dinâmica, certos elementos são de quase impossível apreensão
global, de modo a se poder afirmar aqui algumas características negadas em
outras regiões” (RIBEIRO, A identidade do brasileiro: “capado, sangrado” e
festeiro, p. 22)
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p. 112 § 3
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...cada obra, terá a caracterização do próprio
autor que ela projeta, os aspectos que ele vivencia e sua visão de mundo, não
obstante ele sempre absorva o contexto sócio-histórico em que se forma, seja
para reproduzi-lo mimeticamente ou para criticá-lo...
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Nesse último caso o
artista rompe com sua realidade imediata para construir um universo simbólico
que, embora finque suas raízes no real, mostra-o por demais desconfortável
para ser apenas representado, ou melhor, apresentado...
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p. 112 § 4
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....a canção-poema “Fotografia 3x4”
caracteriza-se por uma enunciação dupla – lírica e narrativa...
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A voz do nordestino,
enquanto excluído das dinâmicas da sociedade urbana, emerge pela energia
criadora do cantador... (p. 113)
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p. 114 § 1
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“a identidade e
diferença têm que ser ativamente produzidas. Elas não são criaturas do
mundo natural ou transcendental, mas do mundo cultural e social” (SILVA,
Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais, p. 76)
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.... os conceitos de
representação, identidade e diferença se articulam em um universo marcado
pela intertextualidade, onde o texto do excluído manifesta-se como uma voz
que luta por um espaço na sociedade... sabe-se que as categorias
identidade/alteridade se interpõem, na representação, outras questões, como
os valores de classe, etnia, raça e gênero, impregnados nos discursos que
configuram a identidade do migrante nordestino... complexidade existente na
construção de identidades...
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p. 114 § 2
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... aquele a quem o estigma faz com que deixe de
ser considerada uma “criatura comum e total, reduzindo-o a uma pessoa estragada
e diminuída” como mostra o sujeito poético quando se representa em
“Fotografia 3x4”
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(GOFFMAN, Estigma: notas
sobre a manipulação da identidade deteriorada, p. 12)
...Se o discurso trata a
“diferença” com a unidade, isso vem facilitar o domínio do excluído;
justifica-se, deste modo, a valoração negativa da origem geográfica e social
até mesmo as práticas de marginalização do indivíduo marcado pelo estigma.
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p. 115 § 2
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... o migrante marca-se pelo sofrimento... mas
sem perder a ternura e a sensibilidade...Seu olhar e o seu sorriso irônico
ante a figura e a procedência do migrante indicam o limiar entre dois mundos,
o do Norte e o do Sul...
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... a perseverança e a
determinação e um objetivo a seguir mantem o sujeito preso ao seu cotidiano e
à realidade direta e concreta...
- sua fala é legítima na
medida em que o material experiencial e estético que organiza pelo discurso
não é apenas seu....(mas produzido por uma organização geopolítica e social
perversa)
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p. 116 § 3
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... o reflexo de uma geração de jovens migrantes
nordestinos que, ao buscarem oportunidade de sobrevivência no Sul, deparam
com a rejeição e a estigmatização, a partir da identidade do homem do Sul (o
olhar e o sorriso do guarda)...
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p. 116 § 4
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“Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do
Norte/ e vai viver na rua.”
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ALEGRIA, ALEGRIA
- oferece uma que se
pretende mais realista, ou, ao menos, uma retificação, do ponto de vista do
homem do norte...
- aquele eu
individualizado, que lê Fernando Pessoa, que convoca Caetano Veloso para seus
versos...
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p. 117 § 3
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“A linguagem tem o poder de constituir (e não só
de descrever) aquilo que é por ela representado...” e “a Identidade está
entre os mais antigos dos jogos de linguagem e pensamento registrados em
(muitas) tradições filosóficas” (JAMESON, O inconsciente político, p. 42)
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- ainda que a identidade
daquele que fala já esteja agora contaminada pela ocupação de um lugar no
pensar ideológico dominante, ou seja, é um intelectual que ascendeu à elite,
conserva as marcas do jovem migrante nordestino, com os quais possui
identificações... (Em “Amor de perdição”: qualquer sofrimento passa, mas o
ter sofrido não). – Portanto, mesmo que em alguns versos ele assuma como
membro de uma elite letrada que detém a posse do discurso e o poder da fala,
quando desvela as contradições que constituem a cultura de seu pais ele está
representando a “consciência diferencial, a negatividade do sujeito
subalterno (‘uma singularidade cultural) (CANDIDO, literatura de dois gumes,
pp. 165-6).
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p. 118 § 3
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Em todos os momentos históricos da vida
brasileira, a literatura esteve participando dos projetos
políticos-sociais... a liberdade da criação transcende às limitações
materiais humanas, superando as interdições e registrando, nas construções
literárias, as mazelas de um tempo de dor e violência, sem precedentes na
história do país...
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- a criação absorve seu
contexto social, político, cultura, enfim, histórico e dele se impregna...
- é algo exterior que lhe
fornece a matéria, o elemento constitutivo, que é o seu tema e representa sua
âncora na realidade do mundo, da personalidade, das ideias...
- Portanto, conforme
Mikhail Bakhtin (Marxismo e filosofia da linguagem, p. 36) toda palavra é
considerada “fenômeno ideológico por excelência... e é o modo mais puro e
sensível de relação social” (não
existe palavra inocente!)
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p. 119 § 4
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“Conheço o meu lugar” LP Era uma vez um homem e o
seu tempo
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- apropria-se da imagem
do sangramento
- a censura e as
interdições externas à obra, nesse tempo de incertezas, determinam a
construção de versos sob a forma interrogativa cuja finalidade é abrir uma
reflexão...
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p. 121 § 2
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... Um fato histórico remoto no tempo e no espaço...”histórias
porcas”...falsa versão para uma série de torturas, desaparecimentos,
assassinatos...
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- contrariamente ao poeta
Lorca, que fora fuzilado pelas costas e de olhos vendados, o eu-lírico pode
olhar “de frente a cara do presente”, no qual não encontra nada a
comemorar...
- a inflação e a recessão
põem a descoberto a falácia do progresso modernizador e vêm a público as
arbitrariedades veladas nos porões da ditadura...
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p. 123 § 1
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... a música é, nesse instante, o suporte
apropriado para a palavra poética, o mais forte instrumento para promoção do
debate, da reflexão e das mudanças sociais e políticas...
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- Ainda mais se se considera
sua força de penetração em todos os campos e níveis sociais é devastadora....
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p. 123 § 3
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... a mais significativa letra que repercute o
tema é “Tudo outra vez”, de 1979, ela registra a recuperação do desejo de
viver e a esperança de um outro tempo...
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TUDO OUTRA VEZ
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p. 124 § 2
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A partir de 1970 a produção de Belchior
apresenta-se à juventude das camadas médias urbanas como uma manifestação da
contracultura, veículo de contestação e clamor à luta contra a ditadura
militar e outras formas de opressão. Na década seguinte, ela revela um
balanço funesto das ações e consequências dos movimentos de renovação de
política, moral e social.
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- Inúmeras letras de seu
cancioneiro apresentam-se como uma auto-reflexão e autocrítica do fracasso de
toda uma geração, como agente de uma concreta transformação da ordem
social...
- O deslumbramento ante o
poder do dinheiro e a rendição aos apelos e promessas de felicidade e prazer
do mundo do consumo evidenciam o papel e a decadência do indivíduo na
sociedade contemporânea.
- Revelam-nos como um
fragmento de uma massa amorfa e consumidora, cujos corpos e sentimentos são
manipulados em todas as suas dimensões pela indústria cultural.
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p. 124 § 2
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.... a eficiência e a eficácia do mundo
contemporâneo fazem-se às custas do sacrifício, da exclusão e da eliminação
de desejos e sonhos dos indivíduos...
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- Neste sentido, versos
como os da canção Lira dos vinte anos (os filhos de Bob Dylan/Cliente da coca
cola/os que fugimos da escola/voltamos todos pra casa), ou os de Arte final
(alguém se atreve a ir comigo além do shopping center? e a saída será mesmo o
aeroporto?) invocam o caráter mercantilista, efêmero e descartável da
sociedade de consumo, absorvido na criação artística, construindo, a partir
da impotência da juventude desse tempo, a potência lírica que perpassa as
canções do LP Elogio da loucura.
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p. 125 § 1
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Segundo Rogério Sgnzerla (Apud Cyntrão, A forma
da festa: tropicalismo – a explosão e seus estilhaços, p. 210), trata-se de
um momento em que a moda não é mais a contestação, como ocorreu na época da
contracultura, “a moda é legitimação”.
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- poeta registra nas
canções o inconformismo com a renúncia à luta e a convivência dos “rebeldes”
e “agitadores” com o perverso modelo social e econômico.... a canção “Os
profissionais” talvez contenha os versos mais angustiados do poeta ao trazer
à tona a sensação de frustração e desencanto com a incapacidade de sua
geração em solucionar os problemas e por abandonar a luta pelos ideias...
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p. 128 § 4
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Sua obra acaba por cumprir, desse modo, o compromisso
constante de rebelar-se.
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- Sua canção constrói sob
essa anuência, esse desejo ante uma tarefa quixotesca a ser desempenhada
pelas pessoas conscientes, envolvidas na criação e na cultura.
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p. 129 § 1
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Ele manifesta a falência dos sonhos e o desencanto
com um mundo onde agora é um deslocado. Essa falência, que, na criação
poética, torna-se refinamento, revela o apego ao passado, a nostalgia de um
mundo perdido e o desajuste a um mundo onde não mais encontra seu lugar:
“Muito jovem pra morrer/E velho pro rock´n´roll”!
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DESCOLADO DO MUNDO
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p. 129 § 2
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....algumas composições buscam compartilhar a
universalidade de sentimentos presentes em cada ser humano.
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COMPOSIÇÕES COM
UNIVERSALIDADE
- Sujeito universal:
“YPE”
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p. 130 § 1
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...Ser é, assim, concentrar-se em si e, ao mesmo
tempo, sair de si, indo ao encontro do Outro, reconhecendo-lhe sua presença e
contradições...”
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- o homem precisa superar
a busca de metas...
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p. 130 § 4
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Reconhecer a existência de um projeto ético e
estético na trajetória lírica do cantor compositor Belchior significa admitir
a coerência literária, temática e ideológica de sua produção e, em vista
disso, legitimar-lhe um espaço dentro da poesia brasileira contemporânea.
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CONCLUSÃO
- vincula sua elaboração
lírica ao contexto histórico em que vive e a momentos diferentes em sua
carreira, aliada a sua condição identitária de jovem, migrante, brasileiro,
latino-americano e, essencialmente, a de sujeito universal.
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p. 130 § 5
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Num primeiro momento o projeto literário mostra o
inimigo visível que pode ser apontado e combatido
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1970
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p. 131 § 1
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O conflito eu-mundo atravessa-se por outras
questões, como o fracasso dos ideais revolucionários, a eleição do consumo
como moral social, entre outros tantos períodos de crise.
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1980 e depois
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p. 131 § 2
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Num constante renova-se e rebelar-se, as letras
poéticas mantêm uma coerência que afastam a produção do poeta-compositor dos
modismo e das exigências da indústria cultural
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- sua familiaridade com a
tradição literária ocidental revela-se num contínuo processo de criação e
recriação, em procedimentos poéticos de apropriação e assimilação de textos
da literatura brasileira e universal.
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p. 131 § 5
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Inquieto, o poeta-compositor sempre esteve
envolvido, por meio de suas criações, com a substância do campo cultural em
que se insere... seus textos, porém, não procuram dialogar apenas com a
tradição literária canônica: ele procura dialogar com suas letras, com a
produção que lhe é contemporânea, (como faz em Apenas um rapaz...) tece
críticas à padronização cultural imposta pelo Tropicalismo (ver entrevista
citação 29)
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p. 131 § 1
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O interesse que a produção de Belchior desperta
nas novas gerações pode ser percebido... na articulação do discurso de um
rapper, o Racionais MC´s na canção “Capítulo 4, versículo 3”
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p. 133 § 1
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No aspecto ético, a relevância que a vos do Outro
tem para a criação belchiorana relaciona-se à busca do que há de mais
essencial entre o eu-lírico e a alteridade, a quem ele se dirige e com quem
busca a empatia... o poeta se apropria do que diz o Outro a fim de conectar
dois tempos diversos na literatura e na arte, empregando o discurso alheio na
base da criação, com o recurso da intertextualidade.
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p. 133 § 2
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...ele se inscreve como sujeito cultural, e as
letras de suas canções como uma enunciação estética de seu tempo...
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Leandro Moreira da Luz é economista e aluno do Curso de Direito da Faculdade Integrado de Campo Mourão – período 1/2015.

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