ALVARENGA, Augusta Thereza de et al. Histórico, fundamentos filosóficos
e teórico-metodológicos da interdisciplinaridade. In: PHILIPPI JR., Arlindo;
SILVA NETO, Antônio J. (orgs); Interdisciplinaridade
em ciência, tecnologia & inovação. Barueri: Manole, 2011, p. 3-67.
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p. 3 § 1
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“A discussão sobre interdisciplinaridade
inscreve-se no amplo movimento de reflexão crítica sobre o tipo de avanço da
ciência e da tecnologia no mundo moderno, associado ao que conhecemos como
tecnociência”
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p. 4 § 3
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“... os quatro pilares em que se baseia o
conhecimento científico _ a ordem, a disjunção, a redução e a lógica formal –
são tomados pela sociedade científica que o sustenta, como garantia da
certeza do conhecimento científico, sem nenhum tipo de questionamento de natureza
epistemológica, ontológica ou lógica”
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Problema
“quatro pilares do
pensamento – ordem, disjunção, redução e lógica formal...”
“ciência sem
consciência”...
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p. 4 § 3
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“... discutir a interdisciplinaridade em seus
múltiplos aspectos, suas características, possibilidades e desafios capazes
de apontar em que nível questões teórico-metodológicas se apresentam já no
início da segunda metade do século XX e continuam desafiando nos até os dias
atuais...”
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Objetivo Geral
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p. 4 § 3
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“... partimos de uma breve incursão acerca das
origens e do processo de formação de pensamento... em seguida são
apresentadas as características do paradigma hegemônico que preside a ciência
moderna... são discutidas também as condições históricas da ciência na qual a
interdisciplinaridade emerge nos anos de 1960... finalmente... concluímos o
capítulo apresentando a interdisciplinaridade como campo de conhecimento em
construção...”
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Objetivos Específicos
Introdução – apresentação
das partes do capítulo
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p. 5 § 3
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“... a ciência só pode se desenvolver-se a partir
do momento em que sua racionalidade emancipou-se de todos os outros
princípios de racionalidade, submetendo-os a seu único domínio formal,
funcional e instrumental. Para assim, caracterizar-se, segundo Japiassu
(2006), pela “busca sistemática de provas argumentativas, através da razão”.
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DA GÊNESE DO PENSAMENTO
INTERDISCIPLINAR À EMERGÊNCIA E À CONSOLIDAÇÃO DO PENSAMENTO
CIENTÍFICO-POSITIVISTA DA CIÊNCIA MODERNA.
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p. 4 § 3
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“.... perspectiva que interpreta a sua emergência
e consolidação, nos moldes em que se apresenta, como resultado de uma grande
ruptura, ou corte epistemológico... pois o que ocorreu foi uma mudança
profunda de grande parte da intelectualidade ocidental...”
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Visão da grande ruptura
ou corte epistemológico
- busca sistemática de
provas argumentativas através da razão
- epistemológica, cosmológica
(origem, estrutura e evolução do universo) e antropológica (natureza,
biológica, psicológica, espiritual, cultural e social) ...
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p. 6 § 2
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“A essa visão de ruptura... contrapõe-se a visão
de pensadores que interpretam a história da ciência como resultado de um
processo evolutivo contínuo da humanidade... desvinculada de usa história
econômica, política, social e cultural...”
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Visão continuísta
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p. 7 § 1
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“Com base na visão continuísta da história é que
podemos identificar a perspectiva de alguns autores que passam a conceber o
desenvolvimento do conhecimento humano a partir de uma concepção que pode ser
nomeada como etapista... visão de progresso contínuo da humanidade...”
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Visão etapista
- “Lei dos Três Estados”
de Conte – teológica, metafísica ou filosófica e positiva ou científica.
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p. 8 § 1
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“... interpretação de Koiré (1982) essa
perspectiva não se sustenta... ao adotar a concepção de Gaston Bachelard
sobre a existência da ruptura ou corte epistemológico como critério de
demarcação para o surgimento e consolidação da Ciência Moderna, esse autor
adverte que tal ruptura não significa descontinuidade de um processo
histórico no campo do conhecimento...”
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Contextação...
- Koiré argumenta que não
se pode ignorar que houve “uma
verdadeira e profunda continuidade entre filosofia medieval [filosofia
escolástica] e filosofia moderna”. Entende... que pensadores como “Descartes,
Malebranche, Spinoza e Leibniz, muitas vezes, não fazem senão continuar a
obra de seus predecessores medievais” (Koiré, 1982, p. 22-23).
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p. 9 § 2
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“Na perspectiva de Vaz (2002)... tais modelos
estruturantes, ou paradigmas... não aniquilam aquele ou aqueles que os
antecederam. Tornam-se apenas predominantes por causa da hegemonia que
adquirem na “elite intelectual” de sua época...
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O mesmo se coloca,
segundo Carpio (1987), para o caso da Filosofia, tendo em vista que
pensadores como Aristóteles, Plotino, Descartes, kant, Platão, Heidegger são
tão atuais como os filósofos vivos... são continuamente revisitados...
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p. 9 § 4
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“... esse processo teve seu momento decisivo no
século XVIII, quando se registra a “entrada definitiva da razão aristotélica
no universo teológico cristão... criação
das grandes universidades europeias e pela tradução do latim dos textos dos
filósofos gregos e árabes, abarcando todo o corpus aristotélico.”
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... quais ordens de
transformações representariam ou caracterizariam a mencionada ruptura ou
corte epistemológico que marcaria o início da ciência moderna, e como
entende-la?
- sec. XIII – 1255 –
separação da filosofia e da teologia...
- notadamente a partir do
século XVII, das condições, circunstâncias ou conjunturas favoráveis par o
surgimento da ciência moderna... do ocidente.
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p. 10 § 1
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...é a partir da criação das Universidades de
Berlim... e de Londres que a ciência, tomando distâncias da teologia e da
filosofia, começa seu processo de fragmentação e compartimentação numa série
divergente de especialidades fechadas denominadas disciplinas... (Japiassu,
2006, p. 23-24)
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Fragmentação -
disciplinas
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p. 10 § 2
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... no início do séc. XVIII – com o movimento
iluminista – é já ao final do século XIX – com o positivismo, grande parte da
intelectualidade ocidental passou a acreditar que o método científico
formulado pelos pais da ciência moderna (Copérnico, Galileu, Bacon, Kepler,
Descartes e Newton), poderia resolver todos os problemas humanos e
estabelecer a saúde, a paz e a felicidade sobre o planeta Terra...
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Mudança de paradigma
- pais da ciência moderna
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p. 11 § 3
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... na passagem do feudalismo ao modernismo,
gerado pela sociedade capitalista, que progressivamente se pode observar a
configuração e a estruturação progressiva do novo pensamento científico...
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Racionalismo francês –
relativização do “inatismo de Descartes” – no que diz respeito a ela como um
recipiente – portador de características básicas, ideias inatas, verdades
eternas...
- surgimento das
condições materiais
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p. 10 § 1
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... passou-se a acreditar que o método
científico... poderia resolver todos os problemas humanos e estabelecer
saúde, paz, felicidade sobre o planeta...
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...mito científico –
autonomia do homem
- método: razão,
observação, verificação e experimentação: método dedutivo; observação,
verificação, experimentação e razão: método indutivo; divisão dos problemas
em menores partes, examinando-as e indo dessas partes mais simples para as
mais complexas a fim de chegar à compreensão da totalidade do problema.
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p. 12 § 2
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... a partir da visão mecanicista e objetivista
presente nessa perspectiva da ciência e da realidade, “todos os fenômenos
passaram a ser vistos como naturais, quer os da física, química, biologia,
quer os sociais, psicológicos, artísticos”...
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- para operar a busca
objetiva da verdade na produção do conhecimento – princípios básicos do
método científico – disjunção, redução da realidade complexa a objetos mais
simples...
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p. 12 § 2
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... é nesse sentido que se pode entender como o
caminhar histórico da ciência e da tecnologia, conjugadas como tecnociência,
passa a definir e a controlar a história dos homens e do planeta Terra, a
partir de uma concepção de mundo calcada na ordem e, também, por implicação,
na crença de um progresso contínuo e inquestionável da civilização ocidental
em favor da humanidade.
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Para Morin (2002a), tal
crença consiste no mito do “método científico” como único detentor da
verdade.
- ordem e progresso
contínuo da civilização – mito do método científico
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p. 12 § 2
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... falar em ciência moderna é falar no primado
de um método, o científico, que direciona toda a produção de conhecimento no
mundo moderno e contemporâneo...
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CARACTERÍSTICAS DO
PARADIGMA HEGEMÔNICO QUE PRECIDE A CIÊNCIA MODERNA APONTAM PARA A IMPORTÂNCIA
E PARA OS DESAFIOS DA INTERDISCIPLINARIDADE NO MUNDO CONTEMPORÂNEO.
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p. 13 § 2
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... a nova racionalidade científica é também um
modelo totalitário, na medida em que nega o caráter racional a todas as
formas de conhecimento que não se pautarem pelos seus princípios
epistemológicos e pelas suas regras metodológicas...
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Santos (1995, p. 11)
- paradigma (as
experiências científicas universalmente reconhecidas que, durante algum
tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de
praticantes)
- única forma...
- redução teórica e
metodológica
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p. 13 § 2
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...a “consciência filosófica da ciência moderna”
teve no racionalismo cartesiano e no empirismo baconiano as suas primeiras
formulações, que se condensam no positivismo oitocentista, que concebe
somente a existência de duas formas de conhecimentos científicos: as
disciplinas formais da lógica e da matemática, e as ciências empíricas,
segundo o modelo mecanicista das ciências naturais...
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Paradigma hegemônico, que
preside a ciência moderna...
- “não se trata, pois, de
superação do conhecimento disciplinar, sob o qual se funda tal modelo, mas de
reconhecer a pertinência e a relevância de outro modo de fazer ciência...
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p. 14-15
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Para Morin... tal paradigma tem por causa e efeito dissolver a complexidade na
simplificidade, por ser baseado nos seguintes princípios: da ordem, da
separação, da redução e da razão concentrada na lógica formal, caracterizada
como processo indutivo-dedutivo-identitário... (identidade - A é A;
não-contradição A não é A e não A ao mesmo tempo; terceiro excluído (não
existe um terceiro termo T)... base do conhecimento norteia-se por uma busca
de coerência lógica...verdade por coerência...
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O primeiro princípio – o
da ordem: parte da concepção determinística e mecânica do mundo, que postula
o universo como uma máquina perfeita, regido por leis imperativas...
O segundo princípio – de
separação, corresponde ao método cartesiano, segundo o qual é preciso, para
estudar o fenômeno ou resolver o problema, decompô-lo em elementos simples.
O terceiro princípio – o
da redução, parte do pressuposto de que os elementos do mundo físico e
biológico estão na base do conhecimento verdadeiro – tende a reduzir àquilo
que é mensurável, quantificável , formalizável...
Quarto princípio – lógica
indutivo-dedutivo-identitária... implica uma concepção estreita de
racionalidade que não dá conta de fenômenos complexos.
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p. 17
|
É notório que Aristóteles tenha restringido a um
mesmo tempo e sob uma mesma relação, indicando implicitamente que a
pertinência desses axiomas possa cessar desde que exista uma mudança, seja de
tempo, seja de relação. Mas a razão e a ciência clássica vão absolutizar
esses princípios. (MORIN, 2000, p. 97)
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A ciência moderna torna
absoluto algo que o próprio Aristóteles relativisou
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p. 18 § 2
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... o avanço do conhecimento na atualidade passa,
necessariamente, pela importância de se considerar os fenômenos complexos –
da natureza e da sociedade – como objeto primordial da ciência moderna...
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p. 19
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Os princípios da disjunção (separação) e
redução... eliminam, como sendo objeto da ciência, aquilo que não é redutível
à ordem, às leis gerais, às unidades elementares. Ocultam não somente a
multipresença da desordem no mundo, mas também o problema da organização.
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|
p. 19
|
A lógica formal não admite, ou mesmo comporta, o
pensamento complexo, a presença da contradição, dos paradoxos; em suma, o
afrontamento “dialético” ou “dialógico” das contradições presentes na
sociedade.
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p. 19
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Fundado no racionalismo e no empirismo, o
paradigma hegemônico da ciência “clássica” centra-se em disciplinas, cujo
pressuposto é ignorar que existe “entre” e “além de” suas fronteiras
|
Norteia-se por uma
concepção positivista e objetivista de ciência, com leis determinísticas,
atemporais, operando a partir de categorias dicotômicas, como, por exemplo,
homem e natureza, ciências e humanidades, objetivo e subjetivo, natureza e
cultura, normal e patológico, qualitativo e quantitativo.
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p. 20
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... a fragmentação do conhecimento desnaturaliza
a natureza, por um lado, e desumaniza a humanidade, por outro...
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p. 21
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...A interdisciplinaridade busca responder,
assim, a problemas gerados pelo próprio avanço da ciência moderna
disciplinar...
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.... necessidade das
trocas entre diferentes disciplinas, assim como a adoção de uma nova relação
sujeito observador – sujeito observado no processo de conhecimento...
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p. 22
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... a simplificação das leis constitui uma
simplificação arbitrária da realidade que confina [os cientistas] a um
horizonte mínimo, para além do qual outros conhecimentos da natureza,
provavelmente mais ricos e com mais interesse humano, ficam por conhecer....
|
... a noção de lei tem
vindo a ser parcial e sucessivamente substituída pelas noções de sistema, de
estrutura, de modelo e, por último, pela noção de processo...
... “o declínio da
hegemonia da legalidade e concomitante ao declínio da causalidade”...
|
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p. 24
|
... a interdisciplinaridade é “onde se faz a
relação entre os saberes, o encontro entre o teórico e o prático, o
filosófico e o científico, a ciência e a tecnologia, apresentando-se, assim,
como um saber que responde aos desafios do saber complexo...
|
...desafios
epistemológicos – teóricos e metodológicos – se colocam para o avanço da
produção de conhecimento e inovação...
|
|
p. 25
|
... paradoxo microfísico das partículas, que
rompe com a visão positivista da ciência, porque estas se apresentam, ao
observador, ora como ondas, ora como corpúsculos, passando a exigir, para
explicação do fenômeno, uma nova epistemologia que a física clássica,
norteada pelo objetivismo da ciência normal, não dá conta....
|
- rompimento da visão positivista
- princípio da incerteza
na ciência
|
|
p. 26
|
... a proposta de interdisciplinaridade se
apresenta na atualidade, conforme já mencionado, como nova forma de
conhecimento, alternativa ao disciplinar, mas igualmente complementar.
|
Alternativa complementar
e igualmente inovadora, por contemplar, em termos de princípio geral, a
proposta de um saber que busca relacionar saberes, que propõe o encontro
entre o teórico e o prático, entre o filosófico e o científico, entre
ciências e humanidades, entre ciência e tecnologia...
|
|
p. 27
|
.... a interdisciplinaridade apresenta-se, assim,
como um saber que é da ordem do saber complexo...
|
A interdisciplinaridade
apresenta-se, ao lado da disciplinaridade, da pluri e da
transdisciplinaridade, como uma das “4 flechas de um único e mesmo arco, o
arco do conhecimento”
|
|
p. 34
|
“... a objetividade não reside nos fatos, mas nas
relações que podemos observar na realidade...” (Jantsch, 1972, p. 178)
|
“... toda disciplina
deve, cedo ou tarde, elaborar sua própria epistemologia.” (Piaget, 1972, p.
133)
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p. 36
|
... essas interações se apresentam como formas
específicas de conhecimento para além do disciplinar, as quais ele nomeia
como multi, inter e transdisciplinaridade
|
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p. 36
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Multidisciplinaridade: “patamar inferior” da
interação que ocorre quando a solução de um dado problema requer a
colaboração mútua de duas ou mais ciências, ou setores do conhecimento, mas
sem que para isso as disciplinar contribuintes sejam modificadas ou
enriquecidas...
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p. 36
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Interdisciplinaridade: “segundo nível” de
colaboração entre as disciplinas diversas...que conduz a interações
propriamente ditas, isto é, certa reciprocidade dentro das trocas de maneira
que haja um enriquecimento mútuo...
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“a interdisciplinaridade
resultaria de uma busca de estruturas mais profundas” para Piaget
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p. 36
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Transdisciplinaridade: “etapa superior”... não se
tentaria atingir as interações ou reciprocidades entre pesquisas
especializadas, mas situaria essas ligações no interior de um sistema total,
sem fronteiras estáveis entre as disciplinas...
|
Vale considerar que, ao
introduzir em sua apresentação esses três níveis de colaboração entre
disciplinas, Jean Piaget passa a ser considerado o criador do termo e da
noção de “transdisciplinaridade”...
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p. 38
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... o ensino tem por vocação fornecer à sociedade
a capacidade de renovar a si própria...
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p. 42
|
A partir da apresentação de critérios para
definição de disciplina, tais como a existência de objeto próprio; de um
campo de conhecimento definido; de um nível de integração teórica; de métodos
próprios de investigação; de instrumentos epistemológicos de análise; de
aplicação prática; e, finalmente, das contingências históricas que a
dinamizam, Hechjausen (1972, p. 87) busca estabelecer suas relações com a
proposta de classificação da interdisciplinaridade que elabora, fundamendo-a...
|
A INTERDISCIPLINARIDADE
COMO QUESTÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA E DESDOBRAMENTO PARA SUAS PRÁTICAS
“Considerando os sete
critérios da interdisciplinaridade que enumeramos, somos levados a distinguir
ao menos seis tipos de relações interdisciplinares. Essa tipologia indica,
aliás, que a interdisciplinaridade se impõe por muitas razões, seja no campo
da pesquisa seja no campo da prática profissional, ou ainda na interação
complexa que os une [com desdobramentos no campo do ensino]. (Heckhausen,
1972, p. 87)
|
|
p. 44
|
... o campo do ensino, no caso a
interdisciplinaridade heterogênea – quando esta identifica esforços de
caráter enciclopédico que buscam combinar, notadamente no ensino, programas
disciplinares diferenciados...
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|
p. 44
|
O campo profissional – com a
interdisciplinaridade composta ... a aptidão técnica em tomar problemas
complexos colocados pela sociedade como objeto comum a várias disciplinas,
como por exemplo, a fome, a degradação das paisagens, o caos urbano...
|
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|
p. 44
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No campo científico... pseudointerdisciplinaridade...
buscando descaracterizar como interdisciplinaridade o que considera a falsa
concepção da existência de uma disciplinaridade intrínseca...
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A interdisciplinaridade
auxiliar – versa sobre trocas ou empréstimos nos métodos e nas técnicas de
pesquisa entre disciplinas....
A interdisciplinaridade
complementar – surge nas regiões fronteiriças de certas disciplinas
pertencentes aos mesmo campos que se imbricam parcialmente, devido ao fato de
que os vários campos de estudo se encontram em níveis correspondentes....
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p. 45
|
... a interdisciplinaridade unificadora...
procede de uma coerência cada vez mais estreita dos campos de estudo de duas
disciplinas...
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p. 47
|
Boisot (1972, p. 93-96) identifica três tipos
característicos de interdisciplinaridade...
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p. 47
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... Linear. Quando um fenômeno bruto de uma
disciplina é “legalizado” ... por uma lei de um fenômeno inerente a outra
disciplina, o que representaria uma forma de relação entre elas.
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p. 47
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...Estrutural. Quando a interação entre duas disciplinas
cria um corpo de novas leis, gerando, portanto, uma nova disciplina, não
redutível às anteriores...
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|
p. 47
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Restritiva... não há nem a troca de leis... nem a
criação de um novo corpus de leis
pelas mesmas, o que significa que não haveria para ele uma verdadeira
interação entre as disciplinas envolvidas, mas tão somente a imposição de uma
sobre a outra.
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|
|
p. 47
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Classificação segundo Berger (1972, p.
23-24)...Disciplina...multidisciplina... Pluridisciplina...
Interdisciplina... Transdisciplina...
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p. 52
|
...importante cuidado que o cientista deve ter em
não se propor a discutir de maneira ingênua questões teóricas e
epistemológicas quando não afeitas à sua formação acadêmica e profissional
assim como aos demais membros da equipe acerca da interdisciplinaridade...
|
SOBRE A
INTERDISCIPLINARIDADE COMO CAMPO DE CONHECIMENTO EM CONSTRUÇÃO E SEUS NOVOS
DESAFIOS
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|
p. 58’
|
... considerarmos os fenômenos complexos como não
passíveis de serem estudados, de maneira ampla ou em sua integralidade, pelos
recursos disponíveis por pesquisadores solitários, com formação centrada de
maneira exclusiva no arsenal de disciplinas específicas e, muitas vezes,
dominando tão somente uma dada perspectiva teórico-metodológica ou um dado
paradigma de investigação...
|
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|
p. 60
|
... identificar se tais problemas são mais
propriamente de natureza cientifica ou filosófica...
|
... importante observar
como estratégia de trabalho interdisciplinar – que busca transpor fronteiras
disciplinares e promover trocas...
- ampliar seu poder e
gerar interpretações da realidade...
|
|
p. 61
|
... consideramos que a problematização de temas
de pesquisa relacionados a problemas complexos que nos desafiam no campo da
ciência é, do ponto de vista de trabalho interdisciplinar, ponto de partida
fundamental e estratégico.
|
Isso porque tais
problematizações permitem delinear projetos de pesquisa prévios à
investigação propriamente dita, a partir dos quais poderemos melhor
identificar em que nível as trocas disciplinares poderão ser realizadas e o
nível de complexidade que nossa investigação pode abarcar.
|
|
p. 61
|
...para o pesquisador científico não se trata de
definir a priori a natureza e os
tipos de trocas teóricas, metodológicas e tecnológicas a realizar, uma vez
que tais necessidades se manifestam no processo de trabalho
interdisciplinar...
|
|
|
p. 62
|
Ao apresentar a interdisciplinaridade como
desafio para o avanço da ciência e da tecnologia... formas diferenciadas e
complementares de geração de conhecimento...
|
Uma nova forma [de
avanço] de produção de conhecimento porque implica trocas teóricas e
metodológicas, geração de novos conceitos e metodologias, e graus crescentes
de intersubjetividade [entre pesquisadores disciplinares], visando a atender
a natureza múltipla de fenômenos com maior complexidade (CAPES, 2008, p. 2)
|
|
p. 62
|
... propor o encontro entre o teórico e o
prático, entre o filosófico e o científico, entre ciência e tecnologia,
apresentando-se, assim, como um saber que responde aos desafios do saber
complexo...(CAPES, 2008, p. 2)
|
|
|
p. 64
|
...a guisa de conclusão, a relevância de se
empreender pesquisas científicas de natureza interdisciplinar, ao lado
daquelas de natureza metateóricas, imbuídas da perspectiva de inovar e
contribuir para esse campo de conhecimento em construção. Sabendo que as
práticas interdisciplinares requerem sólidas formações disciplinares, uma vez
que o pensamento interdisciplinar somente se constrói na relação com o
disciplinar, o fato a observar é o de que somente uma visão crítica a
respeito do conhecimento gerado na própria área ou campo de conhecimento
disciplinar, assim como da própria produção de cada um dos pesquisadores
envolvidos, permitirá uma abertura para se transpassar fronteiras e propiciar
encontros e cruzamentos fertilizadores...
|
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Leandro Moreira da Luz é aluno da
disciplina Literatura e outras linguagens: relações dialógicas no Programa de
Pós-Graduação em Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do
Paraná. Campus de Campo Mourão – período 1/2014.

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