terça-feira, 30 de junho de 2015

Fichamento (SANT´ANNA): Paródia, Paráfrase & Cia.



SANT´ANNA, Afonso R. Paródia, Paráfrase & Cia. 7. Ed., São Paulo: Editora Ática, 2003, p. 7-90.


p. 7 § 1
“... A paródia é um efeito de linguagem que vem se tornando cada vez mais presente nas obras contemporâneas. A rigor, existe uma consonância entre paródia e a modernidade ...”

p. 8 § 1
“... Walter Benjamim havia assinalado entre a pintura e a fotografia ... a pintura deixou de “fotográfica” e numa de suas tendências extremas chegou rapidamente ao Abstracionismo (1908)...”

p. 10 § 1
“... os conceitos _ paródia, paráfrase, estilização e apropriação _ interessam não só a literatura, mas também aos estudos semiológicos em geral... a semiologia reaparece então como o espaço geral onde essas questões podem e devem ser colocadas.”

p. 11 § 2
“A tragédia e a epopeia eram gêneros reservados a descrições mais nobres, enquanto a comédia era o espaço da representação popular.”

p. 12 § 2
“...(grego: para-ode)...A origem, portanto, é musical... Modernamente a paródia se define através de um jogo intertextual.”

p. 14
“...quanto a estilização tem uma motivação cômica ou é fortemente marcada, se converte em paródia.”

p. 17 § 3
“... Ao contrário da paródia não encontramos uma história do termo para-phrasis (que já no grego significava: continuidade ou repetição de uma sentença).”

p. 18 § 1
“...Certamente que há tradutores de vários tipos, que vão desde os mutiladores incompetentes do texto até aqueles que procuram através da invenção uma certa co-autoria.”

p. 17 § 3
“...Dryden... dintingue entre metáfrase: “converter um autor palavra por palavra, linha por linha, de uma língua para outra”, e paráfrase: “tradução com amplitude quando o autor continua aos olhos do tradutor para que este não se perca, mas não segue as palavras tão estritamente, senão o sentido.”

p. 26 § 2
“...É preciso um repertório ou memória cultural e literária para decodificar os textos superpostos.”

p. 28 § 3
“...Do lado da ideologia dominante, a paráfrase é uma continuidade. Do lado da contra-ideologia, a paródia é uma descontinuidade...Falar de paródia é falar de intertextualidade das diferenças. Falar de paráfrase é falar de intertextualidade das semelhanças.”

p. 17 § 3
“... paráfrase como efeito de condensação, enquanto a paródia é um efeito de deslocamento...”

p. 29 § 1
“...estilizador utiliza a palavra do outro... ele trabalha com o ponto de vista do outro...”

p. 30 § 3
“...paródia e literatura burlesca originaram-se do drama...”

p. 35 § 5
“...não seria a paródia uma espécie de estilização negativa, em oposição à paráfrase, que seria uma estilização positiva?”

p. 36 § 2
“...equivale a dizer que a estilização é uma técnica geral, e a paródia e a paráfrase seriam efeitos particulares... estilização é o meio, o artifício... e a paródia e a paráfrase são o fim, o resultado (efeito).”

p. 38 § 2
“... a paráfrase surge como um desvio, a estilização como desvio tolerável, e a paródia como um desvio total.”

p. 41 § 2
“...a paródia deforma, a paráfrase conforma e a estilização reforma.”

p. 44 § 1-2
“A técnica da apropriação, que vem do primeiro Dadaísmo, volta ao uso em torno dos anos 60, quando surge a pop art...É uma crítica da ideologia, um retrato industrial do tempo...Ora, essa técnica artística, tão moderna, na verdade usa de um artifício velhíssimo na elaboração artística: o deslocamento...”

p. 45 § 2
“... O artista está querendo desarrumar, inverter, interromper a normalidade cotidiana e chamar a atenção para alguma coisa.”

p. 46 § 2
“...o artista da apropriação contesta, inclusive, o conceito de propriedade dos textos e objetos... sujeitando-o a uma nova leitura... Se o autor da paródia é um estilizador desrespeitoso, o da apropriação é o parodiador que chegou ao seu paroxismo.

p. 50 § 1
“...Com efeito, a arte do fim do século 19 foi conhecida como decadentista, e foi dela que surgiu a grande paródia que é a arte moderna...E como Nietzche já lembrava, só pode haver ressurreição onde houver morte.”

p. 72 § 2
“... o texto é algo sempre em movimento, que há uma correlação entre as diversas escritas, e que a única maneira de se aproximar o quando possível de uma certa verdade é estar preparado para ler todos os artifícios que os textos nos preparam.”

p. 73 § 2
“Toda linguagem se estabelece através de um processo de automatização. E é assim que se aprende e que se ensina qualquer língua. Contudo a tarefa do escritor é exatamente desautomatizar os sintagmas.”

p. 77 § 1
“...Depois de algum tempo, chegou-se a uma média que caracterizou o estilo hippie. Nesse momento, o que era invenção parodística pessoal converteu-se em paráfrase, e apareceram as lojas e butiques fabricando industrialmente os produtos antes artesanais... O que ocorreu com as roupas, ocorreu também com vários símbolos culturais.”

p. 78 § 2
“Na verdade, a moda e as artes dos anos 60 instauraram uma carnavalização. Houve uma inversão de papéis, um deslocamento dos significados... Obviamente o sistema reagiu como sempre, e em breve, a estilização e a paráfrase reocuparam o seu espaço.”

p. 80 § 2
“No carnaval parafrásico... o esforço é para tornarem-se o mais possível parecidos com o modelo... não estão fazendo uma paródia, nem operando um deslocamento... a paródia ai não existe, é uma exceção.”

p. 86 § 3
“... pode-se pensar a história da literatura brasileira... como uma sucessão de três fases: ... imitação (até o séc. 18), um período romântico onde se introduz uma certa individualidade nacional, e um período moderno onde o processo criador atingiu maior autonomia.

p. 99 § 4
“...o discurso em sua plenitude só se realiza quando se desenvolverem várias linguagens simultâneas e interdependentes. A paródia precisa da paráfrase tanto quanto ambas precisam da estilização e da apropriação.”

p. 90 § 2
“... a verdadeira arte não é repressora, senão sinônimo de liberdade.”


  
            
            Leandro Moreira da Luz é aluno da disciplina Literatura e outras linguagens: relações dialógicas no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do Paraná. Campus de Campo Mourão – período 1/2014.

Fichamento (BLIKSTEIN): Intertextualidade e polifonia: o discurso do Plano Brasil Novo. In: Dialogismo, Polifonia e Intertextualidade em Torno de Bakhtin.



BLIKSTEIN, Izidoro. Intertextualidade e polifonia: o discurso do Plano Brasil Novo. In: Dialogismo, Polifonia e Intertextualidade em Torno de Bakhtin/Diana Luz Pessoa de Barros e José Luiz Fiorin (orgs), 2. Ed., São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003, p. 46-48, 2003.


p. 46 § 1
“[...] o discurso [...] nunca é totalmente autônomo. Suportado por toda intertextualidade, o discurso não é falado por uma só voz, mas por muitas vozes, geradoras de muitos textos que se entrecruzam no tempo e no espaço, a tal ponto que se faz necessária toda uma escavação “filológico-semiótica”
- o texto literário desorganiza o senso comum...
- a linguagem literária está para subverter a informação.

p. 46 § 1
“[...] O enunciador leva o destinatário a dois níveis de descodificação: um no plano de superfície, em que se capta o referente X (ilusório); outro, na estrutura profunda do intertexto, em que se absorve, inconscientemente, o referente Y (correspondente às “reais” intenções do enunciador)”

p. 46 § 3
“Consequentemente, no caso do Plano “Brasil Novo”, a comunicação linguística é utilizado como ilusionismo”, de modo a conduzir o povo a “enxergar” uma realidade que não existe.”

p. 47 § 4
“[...] A insistência numa adjetivação incisiva revela, no fundo, uma incerteza de quem fala...”.
- floreamento
p. 47 § 4
“Tudo parece indicar que o Governo tem dificuldades em lidar com a relação tão cara a linguística e a semiologia: língua/persuasão/conhecimento/realidade”

p. 48 § 1
“Há manipulação das mentes, a partir de uma articulação de dois níveis de discurso: um é o discurso metafórico em que, de forma maniqueísta, o governo (o bem) ataca a inflação (o mal) num campo de batalha [...] o outro é o discurso verbal e não-verbal do vencedor (o presidente no caso), que materializa a imaginária vitoriosa por meio de ações concretas [...]”

p. 48 § 1
“[...] o produto final do Plano “Brasil Novo” não é propriamente vencer a inflação mas, sobretudo, reiterar a imagem do presidente como vencedor.”




             
            Leandro Moreira da Luz é aluno da disciplina Literatura e outras linguagens: relações dialógicas no Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do Paraná. Campus de Campo Mourão – período 1/2014.