sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Formação Geral 3 - Leitura, análise e interpretação de textos: Comunicação e Socialização




 
A Comunicação


Lembre-se o leitor como se fez gente: sua casa, seu bairro, sua escola, sua patota. A comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe transmitidos, pelo qual o aprendeu a ser “membro” de sua sociedade – de sua família, de seu grupo de amigos, de sua vizinhança, de sua nação. Foi assim que adotou a sua “cultura”, isto é, os modos de pensamento e ação, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus. Isso não ocorreu por “instrução”, pelo menos antes de ir para a escola: ninguém lhe ensinou propositadamente como está organizada a sociedade e o que pensa e sente a sua cultura. Isso aconteceu indiretamente, pela experiência acumulada de numerosos pequenos eventos, insignificantes em si mesmos, através dos quais travou relações com diversas pessoas e aprendeu naturalmente a orientar seu comportamento para o que “convinha”. Tudo isso foi possível graças a comunicação. Não foram os professores na escola que lhe ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com pais, irmãos, amigos, na casa, na rua, nas lojas, no ônibus, no jogo, no botequim, na igreja, que lhe transmitiu, menino, as qualidades essenciais da sociedade e a natureza do ser social.
Contrariamente, então, ao que alguns pensam, a comunicação é muito mais que os meios de comunicação social. Estes meios são tão poderosos e importantes na nossa vida atual que esquecemos que representam apenas uma mínima parte de nossa comunicação total.
Alguém fez, uma vez, uma lista dos atos de comunicação que um homem qualquer realiza desde que se levanta pela manhã até a hora de deitar-se, no fim do dia. A quantidade de atos de comunicação é simplesmente inacreditável, desde o “bom dia” à sua mulher, acompanhado ou não por um beijo, passando pela leitura do jornal, a decodificação de número e cores do ônibus que o leva ao trabalho, o pagamento ao cobrador, a conversa com o companheiro do banco, os cumprimentos com os colegas no escritório, o trabalho com documentos, recibos, relatórios, as reuniões e entrevistas, a visita ao banco e as conversas com seu chefe, os inúmeros telefonemas, o papo durante o almoço, a escolha do prato no menu, a conversa com os filhos no jantar, o programinha de televisão, o diálogo amoroso com a mulher antes de dormir, e o ato final de comunicação num dia cheio dela: “boa noite”.
A comunicação confunde-se, assim, com a própria vida. Temos tanta consciência de que comunicamos de que respiramos ou andamos. Somente percebemos a sua essencial importância quando, por um acidente ou uma doença, perdemos a capacidade de nos comunicar. Pessoas que foram impedidas de se comunicar durante longos períodos enlouqueceram ou ficaram perto da loucura. A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social.

DÍAZ BONRDENAVE, Juan. O que é comunicação. São Paulo, Nova Cultural/Brasiliense, 1986, p. 17-9.
    

2 – Pensamento: “Chega mais perto e contempla as palavras, cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível que lhe deres: trouxeste a chave?” (Carlos Drummond de Andrade).





3 - Questões:

1 – Releia atentamente o primeiro parágrafo e responda: qual a relação entre a comunicação e a cultura?
R:_____________________________________________________________________________.
2 – O Segundo parágrafo nos fala em “meios de comunicação social”. O que você sabe sobre eles?
R:_____________________________________________________________________________.
3 – O que pensa o autor sobre os meios de comunicação social?
R:_____________________________________________________________________________.
4 – O terceiro parágrafo é construído por enumeração: uma série longa de atos de comunicação cotidianos nos é apresentada pelo autor. Como podemos relacionar esses atos com os meios de comunicação social do parágrafo anterior?
R:_____________________________________________________________________________.
5 – O quarto parágrafo nos coloca uma conclusão sobre o assunto levantado e discutido pelo texto. Qual a frase ou passagem que sintetiza essa conclusão?
R:_____________________________________________________________________________.
6 – Relendo cuidadosamente as questões anteriores, é possível detectar o percurso seguido pelo autor para atingir sua conclusão no quarto parágrafo. Comente esse percurso.
R:_____________________________________________________________________________.
7 – O último parágrafo sintetiza todo o conteúdo do texto. Reflita sobre o que ele diz e responda: a sua experiência de vida comprava esta afirmação? Por quê?
R:_____________________________________________________________________________.



4 – Relendo o texto: Retorne ao texto e concentre sua atenção sobre o primeiro parágrafo, cujo desenvolvimento segue três etapas:

a)      Uma introdução, que vai de “Lembre-se o leitor...” até “... de sua nação”. É o ponto em que o autor nos apresenta o assunto: a aquisição da cultura via comunicação;
b)      Um desenvolvimento, que vai de ‘Foi assim que...” até “...para o que ‘convinha’”. Nessa altura, o autor expõe como o cotidiano forma o ser social;
c)      Uma conclusão, que vai de “Tudo isso foi possível...” até o final. O autor explicita sua colocação: é a comunicação cotidiana que transmite à criança os valores sociais.

O desenvolvimento desse parágrafo pode servir de modelo para muitos dos seus parágrafos. Note como a sequência lógica introdução/desenvolvimento/conclusão permite uma exposição clara e precisa dos aspectos discutidos.


Fonte:
INFANTE, Ulisses: Do Texto ao texto: curso prático de leitura e redação. Scipione, 5. ed., São Paulo,1996.
 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Formação Geral 2 - Leitura, análise e interpretação de textos: O Leitor e a leitura



LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.



          i.            O que significa ler?

ü  Conhecer, interpretar, decifrar, interagir, satisfazer, construir etc.;


A leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto. Nesse processo tenta-se satisfazer (obter uma informação pertinente para) os objetivos que guiam a leitura, isto é, o leitor constrói o significado da leitura.

Uma implicação derivada da anterior é que a interpretação que os leitores realizam dos textos que leem depende em grande parte do objetivo da leitura. Isto é, ainda que o conteúdo permaneça invariável, é possível que dois leitores com finalidades diferentes extraiam informações distintas do mesmo.

Isso não quer dizer que o texto em si não tenha sentido ou significado. Felizmente para os leitores essa condição costuma ser respeitada. Entenda-se que o significado de um escrito para o leitor não é a tradução ou réplica do significado que o autor quis lhe dar, mas uma construção que envolve o texto e os conhecimentos prévios do leitor (sua base cognitiva, seu repertório).


        ii.            O que é um texto?

ü  Palavras, atos, gestos, paisagens, gráficos, silêncio, figuras, quadros etc.


Os textos são diferentes e oferecem diferentes possibilidades e limitações para a transmissão de informações: não se encontra a mesma coisa em um conto e em um livro, em um relatório de pesquisa e em um romance, em uma enciclopédia e em um jornal.

Além disso, a interação entre o texto e o leitor é diferente, por exemplo, daquela estabelecida entre duas pessoas que conversam. Pois nesta última situação estão presentes, além das palavras, muitos outros aspectos como: gesticulação, expressão facial, entonação de voz, perguntas que dão significado à fala etc.

Na leitura, o leitor está diante de palavras escritas, quadros pintados, gráficos construídos etc., pelo autor que não está presente. Por isso, é natural que o leitor forneça elementos aos textos enquanto lê. Contudo, o texto também atua sobre os esquemas cognitivos do leitor.


      iii.            Para que ler?

ü  Devanear, preencher, procurar, seguir, confirmar, refutar, aprender etc.


A leitura constitui-se em um dos fatores decisivos do estudo e é imprescindível em qualquer tipo de investigação científica. Favorece a obtenção de informações já existentes, poupando o trabalho da pesquisa de campo ou experimental propiciando assim a ampliação dos conhecimentos, abrindo horizontes para a mente, aumentando o vocabulário, permitindo melhor entendimento dos conteúdos das obras etc.

Desse modo, a leitura é um desafio que tem como objetivo o trabalho de linguagem que levo o indivíduo a observar, perceber, descobrir e refletir sobre o mundo para interagir com este através do uso funcional de linguagens.


2 – Pensamento: “O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria” (Mário Quintana).

Formação Geral 1 - Informações Importantes para o Estudo



INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA O ESTUDO


                        Formação Geral tem como objetivo desenvolver a capacidade de leitura e interpretação crítica de textos diversos (jornalísticos, publicitários, literários instrucionais, gráficos, mapas, charges e outros, com linguagem-verbal e linguagem não verbal), com aptidão para selecionar as informações principais, sintetizar ideias, relacionar conteúdos de textos diferentes, defender, comparar e questionar posicionamentos apresentados nos textos e utilizar a linguagem na produção de textos claros, coesos, coerentes e com boa argumentatividade.

                        Para tanto, é fundamental ter ou obter as seguintes aptidões:

ü  Desenvolva seu talento para interpretações, com persistência e perseverança;
ü  Tenha sempre confiança em si mesmo e em seu estudo/trabalho;
ü  Estude/trabalhe com ética;
ü  Seja apaixonado pelo aprendizado e tenha vontade em descobrir;
ü  Sinta paixão pela leitura e pela escrita, tenha paixão pelo que faz;
ü  Tenha paciência e impaciência (e a sabedoria em saber quando utilizar uma ou outra);
ü   Desenvolva a sua memória;
ü  Seja um líder e também saiba ser liderado, entenda os princípios básicos das duas posições;
ü  Tenha sabedoria o suficiente para compartilhar;
ü  Seja criativo, dê asas a sua imaginação e explore a inventividade;
ü  Seja curioso, pesquise e tenha coragem.


E ter/obter os seguintes conhecimentos:


ü  Conhecimento da língua portuguesa;
ü  Vocabulário;
ü  Habilidade descritiva, narrativa e dissertativa, boa dicção, comunicação clara e objetiva;
ü  Eficiência e eficácia na escrita e em oratória;
ü  Leitura de “bons” textos;
ü  Conhecimento de outras línguas (mesmo que elementar);
ü  Hábitos culturais sistemáticos (visitas a museus, concertos, espetáculos etc.);
ü  Experiência em seminários e debates;
ü  Capacidade de pesquisa.


Além, das demais sugestões:


ü  Descubra qual é a melhor maneira que você aprende de acordo com os novos conhecimentos (auditivo, visual ou cinestésico);
ü  Descubra qual é o tipo de inteligência que você precisa aprimorar (linguística, lógico matemática, musical, interpessoal, intrapessoal etc);
ü  Participe de trabalhos em grupo, fóruns e discussões sobre os temas estudados;
ü  Estude e descubra quais são as estruturas fundamentais de um texto;
ü  Faça cursos regulares (técnicos e universitários) e sazonais (festivais, simpósios, conferências);
ü  Leia livros, artigos e publicações diversas;
ü  Participe de entrevistas e palestras proferidas por pessoas de referência em suas áreas;
ü  Vá a apresentações de dança, ballet, música, teatro etc.;
ü  Visite museus e exposições de arte;
ü  Aprenda com pessoas criativas que possam estimular sua capacidade analítica;
ü  Escreva sempre, crie um blog para expor suas ideias;
ü  Observe como escrevem, falam e se apresentam os grandes profissionais;
ü  Desenvolva bons projetos;
ü  Comprometa-se com o que você acredita;
ü  Viaje e explore;
ü  Utilize a internet como ferramenta de apoio.


Pensamento: “Dois homens olharam através das grades de uma prisão: uma viu a lama, o outro viu as estrelas.” (Santo Agostinho).