HUBERMAN, Léo.
História da riqueza do homem. Rio
de Janeiro: Guanabara, s/d, 21a ed. 1986. (p. 01-94).
“Sacerdotes,
guerreiros e trabalhadores [...] o Trabalho na idade média; o sistema agrícola;
o servo e o senhor; a situação da nobreza, da realeza e do clero [...] a
sociedade feudal consistia dessas três classes _ sacerdotes, guerreiros e
trabalhadores, sendo que o homem que produzia trabalhava pelas três partes
[...]” (p. 01)
“[...] era
trabalho na terra, cultivando o grão ou guardando o rebanho para utilizar a lã
no vestuário [...] uma característica curiosa do sistema feudal é que as terras
não eram contínuas, mas dispersas em faixas [...]” (p. 3)
“O camponês
vivia numa choça do tipo mais miserável [...] dois ou três dias por semana
tinha que trabalhar na terra do senhor, sem pagamento [...] a preferência para
todo serviço era dada ao senhor feudal.” (p.5)
“[...]
chamava-se servo a maioria dos arrendatários [...] em latim servus=escravo, mas eles não eram
escravos no sentido que empregamos a palavra [...]” (p.6)
“[...] havia
os vilões que ao que parece eram servos com maiores privilégios pessoais e
econômicos [...] gozavam de maiores privilégios e menores deveres para com o
senhor [...]” (p. 7)
“[...] os
príncipes e nobres que mantinham terras em troca de serviço militar
concediam-nas por sua vez, a outros nas mesmas condições [...] as herdeiras
mulheres tinham que obter o consentimento do senhor para se casar [...]” (p.
11)
“A igreja
foi a maior proprietária de terra do sistema feudal [...] bispos e abades se
situaram na estrutura feudal da mesma forma que os condes e duques [...]” (p.
13)
“O clero e a
nobreza constituíam as classes governantes [...] O sistema Feudal, em última
análise, repousava sobre uma organização que em troca de proteção,
frequentemente ilusória, deixava as classes trabalhadoras à mercê das classes
parasitárias, e concedia a terra a quem a cultivava, mas ao incapazes de dela
se apoderarem [...]”
“Entra em
cena o comerciante [...] o investimento da riqueza na idade média; o
intercâmbio de mercadorias; as cruzadas e o comércio; mercados e feiras [...] a
igreja tinha seus cofres cheios de prata e outro [...] mas era um capital
estático [...] o dinheiro da igreja não podia ser usado para multiplicar sua
riqueza [...] o mesmo acontecia com a fortuna dos nobres [...] não podiam
investir em negócios porque estes eram poucos [...]” (p.16)
“[...]
praticamente toda a alimentação e vestuário que o povo precisava eram obtidos
no feudo [...] sem dúvida, havia um certo intercâmbio de mercadorias. Alguém
podia não ter lã suficiente para fazer seu casado [...]“ (p. 17)
“ [...] o
dinheiro era escasso e as moedas variavam de lugar para lugar [...] pesos e
medidas [...] de região para região [...] as cruzadas deram novo ímpeto ao
comércio.” (p. 18)
“Primeiro
havia a igreja, animada, sem dúvida, por um motivo religioso honesto [...]
segundo, a oportunidade de estender seu império [...] terceiro, nobres e
cavaleiros desejavam os saques, era uma
oportunidade de adquirir terras e fortunas.” (p.19)
“[...] as
feiras periódicas na Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha e Itália constituíam
um passo em prol do comércio estável e permanente [...] os mercados eram
pequenos, negociando produtos locais, em sua maioria agrícolas. As feiras, ao
contrário, eram imensas e negociavam mercadorias por atacado, que vinham de
toda parte do mundo conhecido.” (p.22)
“Rumo a
cidade” (p. 26)
“O comércio
e as cidades; surgem as corporações; choques entre a cidade e o senhor feudal;
cresce a influência dos mercadores [...] a população em geral desejava a
liberdade dos negócios, impostos mais justos e leis mais adequadas. O
aparecimento das cidades proporcionava liberdade e chances a mais.” (p. 26)
“[...] as
populações das cidades em luta, dirigidas pelas associações de mercadores
organizados, não eram revolucionários no sentido da palavra que hoje empregamos
[...]” (p. 31)
“[...] essa
isenção dos impostos concedida pelo rei da França [...] era apenas um dos
privilégios pelos quais os mercadores se batiam [...]” (p. 33)
“Claro está
que, [...] a fim de conquistar esse monopólio do comércio nas diversas cidades,
a associação dos mercadores deviam ser influentes junto às autoridades [...]”
(p. 34)
“[...]
mantinham seus membros numa linha de conduta determinada por uma série de
regulamentos que todos tinham que cumprir [...]” (p. 34)
“Os direitos
que os mercadores e cidades conquistaram refletem a importância crescente do
comércio como fonte de riqueza. E a posição dos mercadores na cidade reflete a
importância crescente da riqueza em capital, em contraste com a riqueza em
terras.” (p. 35)
“Surgem
novas ideias” (p. 36)
“Usura e
juro na idade média; a posição da igreja; os velhos conceitos prejudicam as
transações.”
“[...] No
princípio da idade média o empréstimo de dinheiro a juros era proibido por uma
potência cuja palavra constituía lei para toda cristandade [...] essa potência
era a igreja. Emprestar a juros, dizia ela, era usura, e usura era pecado
[...].”
“[...] um
empréstimo, certamente não tinha por objetivo o enriquecimento, mas precisava
se precisava dele para viver [...]” (p. 37)
“É fácil ver
que a doutrina do pecado da usura iria limitar os processos de novo grupo de
comerciantes que desejava negociar numa Europa em expansão comercial [...]
Tornou-se na verdade um obstáculo quando o dinheiro começou a ter um papel cada
vez mais importante na vida econômica.” (p. 40)
“[...] foi a
doutrina que cedeu. Não de uma só vez [...] a usura é um pecado, mas sob certas
circunstâncias [...] em casos especiais.”
“Assim, aos
poucos foi desaparecendo a doutrina da usura da igreja e a prática comercial
diária passou a predominar.” (p. 41)
“O camponês
rompe amarras” (p. 42)
“Modifica-se
a situação do camponês, que começa a ser dono da terra; Novo regime de
trabalho; as revoltas camponesas.”
“[...] o
crescimento do comércio, a introdução de uma economia monetária proporciona
meios para romper os laços que prendiam o “camponês” tão fortemente [...]
quando surgem as cidades [...] surge, portanto a divisão do trabalho entre a
cidade e o campo [...]”
“O pobre e o
camponês são oprimidos pela avareza e rapina dos poderosos e arrastados para
tribunais injustos. Esse grave pecado força muitos a venderem seu patrimônio e
emigrarem para terras distantes.” (p. 43)
“[...] para
os pioneiros do século XII, como para os do século XIII a luta foi longa e
árdua, mas a vitória significou a liberdade e a possibilidade de ser, total ou
parcialmente, o dono de um pedaço de terra [...]”
“[...] o
mercado crescera tanto que qualquer colheita superior às necessidades do
camponês e do senhor podia ser vendida. Em troca o camponês recebia dinheiro
[...]” (p. 45)
“[...] era
de se esperar que a igreja liderasse um movimento de libertação dos servos, mas
ao contrário, o principal adversário da emancipação tanto na cidade quanto no
campo não foi a nobreza, mas sim a igreja [...]”
“Os
camponeses não se limitam a fazer queixas enérgicas. Por vezes, invadiam a
propriedade da igreja, lançavam pedras na janela, derrubavam portas e
espancavam padres [...]”
“A liberdade
estava no ar e alguma coisa detinha os camponeses em sua ânsia de conquista-la.
Quando ela não lhes era concedida de boa vontade, tentavam toma-la à força
[...]” (p. 48)
“A peste
negra foi um grande fator para a liberdade [...] matou mais gente na Europa, no
século XIV, do que a primeira guerra mundial.”
“Com a morte
de tanta gente era evidente que maior valor seria atribuído aos serviços dos
que continuavam vivos [...]” (p. 49)
“[...] o
preço do trabalho alugado aumentou 50% em relação ao que fora antes da peste
negra [...] a igreja era contra.”
“O fato de
que a terra fosse assim comprada [...] como qualquer mercadoria, determinou o
fim do antigo mundo feudal [...]” (p. 52)
“E nenhum
estrangeiro trabalhará [...]” (p. 53)
“Modifica-se,
também, a indústria; surge o artesanato profissional; o regime das corporações;
o preço justo; o burguês começa a substituir o senhor feudal.”
“Também a
indústria se modificara. Anteriormente, era realizada na casa do próprio
camponês [...] o propósito da produção era apenas satisfazer as necessidades da
casa [...] o mercado tinha que crescer, antes que os artesãos, como tal,
pudessem existir em suas profissões isoladas [...]”
“[...]
Dedicavam-se a abastecer um mercado pequeno, mais crescente.” (p. 54)
“[...] se
fosse bom trabalhador e tornasse conhecido entre os moradores da cidade, ele
poderia aumentar a produção e contratar um ou mais ajudantes [...] estes podiam
ser de dois tipos: ajudantes ou jornaleiros [...]”.
“Concluído
este, quando o aprendiz era aprovado no exame e tinha recursos, podia abrir sua
própria oficina. Se não tivesse podia tornar-se jornaleiro e trabalhar para o
mesmo mestre ou outro recebendo salário [...]”
“Esses
artesãos seguiram os exemplos dados pelos comerciantes e formaram corporações
próprias [...]” (p. 55)
“[...] todos
os que ocupavam um determinado trabalho _ aprendiz, jornaleiro, mestres _
pertenciam à mesma corporação [...] e tinham seu próprio estatuto [...].”
“[...] Para
maior proteção desse público, algumas corporações marcavam seus produtos com o
“justo preço” (p. 59)
“[...] o
comércio não tinha objetivo de lucros, mas sim de beneficiar tanto o comprador
quanto o vendedor [...]”
“Os cidadãos
revoltados levavam os gananciosos à frende do alcaide [...]” (p. 60)
“O valor de
uma coisa não deve ser medido por sua validade intrínseca [...] é necessário
levar em conta as necessidades do homem e avaliar as coisas em suas relações
com essa necessidade [...]” Segundo Jean Buridan (filosofo e religioso francês)
(p. 62)
“O sistema
de corporações tivera duas características fundamentais: a igualdade entre os
senhores e a facilidade com que os trabalhadores podiam virar mestres. Em geral
isso ocorreu até os séculos XIII e XIV, período áureo dessas instituições.
Depois disso ocorreram modificações inevitáveis.” (p. 63)
“[...] No
século XV em Dordrecht, e em toda parte das cidades da Holanda o governo
municipal tornou-se uma pura aristocracia de dinheiro e uma oligarquia de
família [...]” (p. 64)
“[...] o
ciclo que até então era aprendiz-jornaleiro-mestre passou a ser apenas
aprendiz-jornaleiro. Passar de empregado a patrão tornava-se cada vez mais
difícil [...]”
“Como era
natural, a disputa sobre salários mais altos foi particularmente intensa no
período imediatamente posterior à peste negra [...] e tal como se baixaram leis
nas aldeias para mantê-los à níveis anteriores à peste [...]” (p. 66)
“Essas leis
não tiveram êxito [...]” (p. 67)
“Ai vem o
rei [...]” (p. 69)
“Universalismo
e nacionalismo: desponta o sentimento nacional; a burguesia sustenta o rei;
decadência das grandes corporações; a igreja e a reforma.”
“[...] as
universidades eram instituições verdadeiramente interncionais”
“A religião
também era universal. Quem considerava-se cristão nascia no catolicismo”
“Os homens
começaram a considerar-se não como cidadãos de Madri ou de Paris, ou de Kent,
mas como da Espanha, França ou Inglaterra. Passaram a dever fidelidade não a
sua cidade ou ao senhor feudal, mas ao rei, que é o monarca de toda uma nação.”
(p. 70)
“[...] foram
muitas as razões: políticas, religiosas, sociais, econômicas [...]”
“Na idade
média, a autoridade do rei existia teoricamente, mas de fato era fraca. Os
grandes barões feudais eram praticamente independentes [...] seu poderio tinha
que ser controlado e realmente foi [...]” (p. 71)
“[...] o rei
fora um aliado forte das cidades na luta contra os senhores. Tudo o que
reduzisse a força dos barões fortalecia o poder real.”
“[...] os
soldados feudais não tinham preparo nem organização regular que lhes permitisse
atuar em conjunto com harmonia [...]” (p. 72)
“Foi
inspirado ao exército francês entusiasmo e confiança e uma crença no sentimento
de serem todos franceses [...] o papa Bonifácio VIII escrevia em 1296: “que o
lacato seja amargamente hostil ao clero é uma questão de tradição antiga,
plenamente confirmada pela experiência dos tempos modernos [...] existia,
portanto, um poder supernacional [...]” A igreja (p. 77)
“[...] em
Wittenberg, em 1517. Houve então a pregação de suas 95 teses à porta da igreja
por Martinho Lutero.” (p. 80)
“Os
primeiros reformadores religiosos, ao contrário de Lutero, Calvino e Knox,
cometeram o erro de tentar reformar mas do que a religião [...]”
“Lutero
estimulava os nobres a aniquilá-los com estas palavras: “Aquele que mata um
rebelde [...] faz o que é certo [...] Portanto, todos os que puderem devem
punir, estrangular ou apunhalar, secreta ou publicamente [...]” (p. 81)
“Uma das
razões de Lutero, do êxito, foi não cometer o engano de tentar derrubar os
privilegiados” E que também apelavam para o espírito nacionalista que crescia.
“A reforma
protestante, constituiu a primeira batalha (guerra) decisiva da classe média
contra o feudalismo.” (p. 83)
“O homem
rico” (p. 84)
“A
desvalorização da moeda pelos reis; acumulação de outro e prata; as grandes
viagens e descobertas; a revolução comercial, os grandes banqueiros.”
“[...] dizer
que a moeda vale menos e dizer simplesmente que ela compra menos coisas. Em
outras palavras, os preços sobem.” (p. 85)
“Tudo os que
os reis viam, porém, era o lucro imediato que lhes advinha da desvalorização da
moeda [...] Nicolas Oresme, bispo de Lisieux em 1377 [...] fonte de lucro temporário
para o rei _ de certa forma era um roubo para o povo”
“Os reis não
só tentaram por todos os meios reter outro e prata existentes no país, mas
também aumentar sua quantidade [...]” (p. 87)
“Nessa
época, quando outro e prata era tão necessários à expansão do comércio, essa
mesma expansão levou a descoberta de grandes jazidas de metais que, por sua
vez, conduziram a uma expansão ainda maior do comércio [...]” (p. 88)
“[...] em
1497, Vasco da Gama [...] circunvagou o continente africano e em 1498 ancorou
no porto na Ìndia [...] na primeira viagem de Vasco à Ìndia os lucros atingiram
6.000% [...]” (p. 89)
“Modificou-se,
então, a direção das correntes do comércio. Se anteriormente a posição
geográfica de Veneza lhe proporcionava vantagens sobre os países situados mais
a oeste, agora eram esses países da costa atlântica que contavam com as
vantagens [...]”
“Por boas
razões é este período da história chamado Revolução Comercial [...] agora a
expansão do comércio internacional se aplicava a uma área mais extensa,
abrangendo 4 continentes [...] tudo apresentava um caráter de contaminação e
estímulo comercial, de descobertas, exploração e expansão.” (p. 90)
“[...] os
ricos mercadores e financistas da época constituíam o poder atrás do trono
[...] foi um pequeno banqueiro alemão, Jacob Fugger, quem decidiu a questão de
que a quem caberia usar a coroa do Sagrado Império Romano: Carlos V da Espanha
ou Francisco I da França [...]” (p. 93)
“Pouca coisa
de importância se passou no séc. XVI sem que a sombra dos Fugger se projetasse
[...] embora os Fugger constituíssem a casa bancária mais importante da época,
havia outras quase tão grandes. A Welser, alemã [...] A Hochstetter, A Haug e a
Imhof [...]” (p. 94)
“Antuérpia
era de tão grande importância comercial, tornou-se também o centro financeiro
principal [...]”
Leandro
Moreira da Luz é economista e aluno do Curso de Direito da Faculdade Integrado
de Campo Mourão - PARANÁ – período 1/2013.