domingo, 5 de janeiro de 2014

"A desigualdade social"

Não há como se dissertar sobre desigualdade social sem tocar no conceito econômico de riqueza. E Dai vem a questão: porque algumas pessoas possuem “riqueza” demais enquanto outras “de menos”?

De antemão, sumariamente, podemos admitir aqui que a medida das desigualdades sociais, para fins de uma básica compreensão, é a diferença entre o nível de consumo médio da população e o nível de consumo da classe baixa. (Quando pensamos em consumo podemos verificar a necessidade de: alimentação, vestuário, saúde, educação, moradia, transporte, lazer, segurança, etc.). Desse modo, surgem as ideias:


1.     Alguém poderia responder que isso é natural, que se dá pela própria concorrência que premia os mais “eficazes”, baseando-se, principalmente, nos escritos econômicos com origem nos clássicos: Adam Smith, Malthus e companhia. E sugerir que deixasse as decisões para os mecanismos impessoais dos mercados que, podem não ser perfeitos, mas minimizam os erros de intervenção de algumas classes, que por observação histórica, iriam privilegiar elas próprias, podendo até causar problemas maiores como no caso dos regimes fascistas, por exemplo.
  
2.   Outra pessoa poderia dizer que isso não é natural já que em algum momento na história as propriedades (riquezas) pertenciam a “ninguém” ou, se preferir, ao “todo”, e que toda base para a apropriação da riqueza baseia-se na força e no poder. Que digam os seguidores de Marx, além de outros. E, dessa forma, a melhor solução atual seria a intervenção estratégica e planejada de modo que diminuísse as discrepâncias entre estes dois extremos de riqueza e pobreza. Essa abordagem, ao contrário da primeira, não acredita que um sistema automático de “mão invisível” seria eficaz, e observa pontos históricos de grandes crises como 1929 e 2008.


Observa-se aqui que não se quer retomar o tema rousseauneano das “origens” das desigualdades, mas sim, sinalizar ao leitor que esta estratificação social causa grandes problemas para todos, principalmente nos extremos de “riqueza” ou de “pobreza”, baseado na simples verificação da realidade sobre a escassez das coisas. E que, as duas “opiniões” supracitadas, apesar de adquirirem grandes seguidores, alguns muito entusiastas, não resolvem as equações sozinhas, principalmente quando usadas totalmente de maneira extremada, que é o que, geralmente, cada uma das posições suscita.     


A sugestão que fica aqui nesta opinião metida à ensaio (e à besta também) é que se há dois grandes arcabouços com ferramentas que deram certos e outras que deram errado, deve-se utilizar o melhor de cada um de acordo com a especificidade de cada situação, já que esta guerra ideológica, na maioria das vezes esquece do próprio objeto de análise e acaba tendo um fim em si mesma.


Publicado no Jornal Tribuna do Interior em 21/12/2013.


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