Não há como se dissertar sobre desigualdade social sem tocar no
conceito econômico de riqueza. E Dai vem a questão: porque algumas
pessoas possuem “riqueza” demais enquanto outras “de menos”?
De antemão, sumariamente, podemos
admitir aqui que a medida das desigualdades sociais, para fins de uma básica
compreensão, é a diferença entre o nível de consumo médio da população e o
nível de consumo da classe baixa. (Quando pensamos em consumo podemos verificar
a necessidade de: alimentação, vestuário, saúde, educação, moradia, transporte,
lazer, segurança, etc.). Desse modo, surgem as ideias:
1. Alguém poderia
responder que isso é natural, que se dá pela própria concorrência que premia os
mais “eficazes”, baseando-se, principalmente, nos escritos econômicos com
origem nos clássicos: Adam Smith, Malthus e companhia. E sugerir que deixasse
as decisões para os mecanismos impessoais dos mercados que, podem não ser
perfeitos, mas minimizam os erros de intervenção de algumas classes, que por
observação histórica, iriam privilegiar elas próprias, podendo até causar
problemas maiores como no caso dos regimes fascistas, por exemplo.
2. Outra pessoa
poderia dizer que isso não é natural já que em algum momento na história
as propriedades (riquezas) pertenciam a “ninguém” ou, se preferir, ao “todo”, e
que toda base para a apropriação da riqueza baseia-se na força e no poder. Que
digam os seguidores de Marx, além de outros. E, dessa forma, a melhor solução
atual seria a intervenção estratégica e planejada de modo que diminuísse as
discrepâncias entre estes dois extremos de riqueza e pobreza. Essa abordagem,
ao contrário da primeira, não acredita que um sistema automático de “mão
invisível” seria eficaz, e observa pontos históricos de grandes crises como
1929 e 2008.
Observa-se aqui que não se quer
retomar o tema rousseauneano das “origens” das desigualdades, mas sim,
sinalizar ao leitor que esta estratificação social causa grandes problemas para
todos, principalmente nos extremos de “riqueza” ou de “pobreza”, baseado na
simples verificação da realidade sobre a escassez das coisas. E que, as duas
“opiniões” supracitadas, apesar de adquirirem grandes seguidores, alguns muito
entusiastas, não resolvem as equações sozinhas, principalmente quando usadas
totalmente de maneira extremada, que é o que, geralmente, cada uma das posições
suscita.
A sugestão que fica aqui nesta
opinião metida à ensaio (e à besta também) é que se há dois grandes arcabouços
com ferramentas que deram certos e outras que deram errado, deve-se utilizar o
melhor de cada um de acordo com a especificidade de cada situação, já que esta
guerra ideológica, na maioria das vezes esquece do próprio objeto de análise e
acaba tendo um fim em si mesma.
Publicado no Jornal Tribuna do Interior em 21/12/2013.

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