Este conceito ou expressão quer dizer que o objeto (a tecnologia) e o sujeito (o conhecimento científico) estão unidos num determinado contexto social, conhecido também por “sociedade tecnocientífica”. Explicando melhor: grosso modo ou de forma simplificada, a tecnociência trata/discute as implicações da tecnologia e da ciência na sociedade, dos seus riscos e impactos na vida das pessoas.
A SOCIEDADE TECNOCIENTÍFICA é justamente, ou exatamente o resultado das revoluções tecnológicas e científicas das últimas décadas. Alguns marcos divisórios podem ser: as novas relações de produção com o fim da 2ª guerra mundial; o impacto ético e cientifico com a explosão das bombas atômicas no Japão; a corrida armamentista e espacial entre EUA e URSS durante a “guerra fria” nos anos 50; e a revolução comportamental através da cultura de massa, com a explosão do consumo de novos produtos.
O NOVO E O VELHO passam a ser parâmetros. Nos centros mais avançados da sociedade surgem, desde então, nítidas diferenças entre o que é “moderno e antigo”; “avançado e atrasado”; “urbano e rural”; e/ou “evoluído e arcaico”. É a partir deste novo contexto social que, já nos anos 70, o filósofo belga Gilbert Hattois emprega o conceito de tecnociência e, por conseguinte, o de sociedade tecnocientífica com a introdução da Ética, para analisar as implicações resultantes.
O CONHECIMENTO científico, com todas as revoluções das ciências naturais, passa a ser o critério da verdade, em última instância. Desde então é comum ouvirmos dizerem: “a ciência prova que...” ou “isto é ciência”. Só recentemente, nos últimos anos, é que começa haver uma preocupação com os limites éticos sobre as verdades científicas. Por exemplo: devemos clonar o ser humano? Mas e daí?...
A TECNOLOGIA, nesta mesma sociedade, também causa comportamentos arrogantes, antiéticos. Há inúmeras inovações e mudanças nas formas de relacionamento social, para o bem estar, claro, mas também inúmeras distorções. Em alguns casos, há uma espécie de “desumanização”, ou “robotização” de pessoas ou grupos sociais, obcecados pelas “maravilhas” de novas engenhocas ou geringonças. Por exemplo: com o computador ou celular de última geração, quando os usuários excluem aqueles que não falam a mesma linguagem e/ou não fazem parte do site de relacionamento, maquinalmente, etc.
A TECNOCIÊNCIA, considerada como um conhecimento de uso interdisciplinar tem por objetivo apreender as distorções entre os usos da tecnologia e da ciência na sociedade em que vivemos. Ou seja, delimita modelos éticos ou bioéticos para que, como na célebre estória do “aprendiz de feiticeiro”, a criatura não acabe dominando o criador. Ou como no filme “2001: Uma odisséia no espaço”, em que o supercomputador Hall assume o comando da nave espacial e passa a dar ordens na tripulação.
ESTE TEMA relaciona a tecnologia, que é o artefato ou objeto, com a ciência, que é o conhecimento ou o sujeito na chamada sociedade tecnocientífica. Que ambos, sujeito e objeto, ou vice-versa, estão unidos de tal forma, em alguns contextos sociais mais evoluídos, que os limites éticos inexistem ou foram e/ou estão sendo abolidos. Que o fenômeno foi causado pelas revoluções tecnológicas e científicas, assim como comportamentais desde os anos 50 passados, mais ou menos, de acordo com o marco estabelecido. E que a discussão suscitada pela tecnociência é, sobretudo, de caráter ético, tanto no que concerne aos usos de engenhocas e geringonças, como nos impactos e riscos bioéticos, ou pelas distorções inerentes ao modelo, nem sempre direcionadas para o bem.

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