BAKHTIN, Mikhail. Estética
da criação verbal. 2. Ed., São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 201-220.
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p. 201 § 1
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“... o homem é o centro do conteúdo-forma a
partir do qual se organiza a visão artística... homem dado nos valores da sua
atualidade-presença no mundo... vemos as coisas e as relações – de tempo, de
espaço, de sentido – existentes ao seu redor, tornarem-se constituintes
artísticos significantes.”
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p. 202 § 1
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“... O eu e o outro constituem as categorias
fundamentais de valores que pela primeira vez originam um juízo de valor
real, e esse juízo, ou, mais exatamente, a ótica axiológica da consciência,
manifesta-se não só pelo ato, mas também pela menor vivência, pela mais
simples senseção...”
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p. 202 § 1
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“... chegamos à ideia de que apenas o outro, como
tal, pode ser o centro de valores da visão artística e, por conseguinte, ser
o herói de uma obra...”
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p. 202 § 1
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“... A relação de valor consigo mesmo é
estaticamente improdutiva, e para mim, sou esteticamente irreal.”
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p. 203 § 1
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“...eu mesmo, em minha determinação, só posso
tornar-me sujeito (e não herói) de um único tipo de discurso: o da
introspecção-confissão, cuja força organizadora se deve a essa relação de
valor mantida consigo mesmo e que, por isso, é um gênero totalmente
extra-estético.”
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p. 203 § 2
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“... O autor só se aproxima do herói quando sua
consciência está incerta de seus valores, quando está sob o domínio da
consciência do outro, quando reconhece seus próprios valores no outro que tem
autoridade sobre ela...”
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p. 203 § 3
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“... a obra de arte é um acontecimento artístico
vivo, significante, no acontecimento ´nico da existência, e não uma coisa, um
objeto de cognição puramente teórico...”
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p. 204 § 1
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“...o autor ocupa a posição de responsável no
acontecimento existencial; ele lida com componentes desse acontecimento, e
por isso também sua obra é um componente do acontecimento.”
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p. 204 § 2
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“...o artista é precisamente aquele que sabe
situar sua atividade fora da vida cotidiana, aquele que não se limita a
participar da vida (prática, social,
política, moral, religiosa) e a compreendê-la apenas do seu interior, mas
aquele que também a ama do exterior...”
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p. 205 § 1
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“... O autor, em seu ato criador, deve situar-se
na fronteira do mundo que está criando porque sua introdução nesse mundo
comprometeria a estabilidade estética deste...”
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p. 205 § 1
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“O autor é orientado pelo conteúdo (pela tensão
ético-cognitiva do herói em sua vida) ao qual ele dá forma e acabamento por
meio de um material determinado... distinguiremos na obra de arte... três
elementos: o conteúdo, o material, a forma...”
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p. 206 § 1
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“... o artista trabalha com a língua, mas não
enquanto língua; ele a supera enquanto língua, pois não é em sua determinação
linguística (morfológica, sintática, lexicológica, etc.) que ela deve ser
percebida, mas no que a torna um recurso para a expressão artística...”
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p. 207 § 1
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“...Superar a língua como se supera a matéria
física só pode ser feito de forma imanente; não se superar a língua negando-a
e sim propiciando-lhe um aperfeiçoamento imanente em função de uma
necessidade determinada...”
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p. 207 § 1
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“... o ato de criação superam o material do mundo
de uma forma imanente...”
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p. 208 § 2
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“... a consciência criadora do autor não decorre
de uma consciência linguística (no sentido lato da palavra) que não é mais do
que uma fase passiva da criação: a fase em que o material é superado de modo
imanente.”
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p. 208 § 3
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“... a relação do artista com a palavra era uma
relação secundária, funcional, condicionada por uma relação primária com o conteúdo,
ou seja, com o dado imediato da vida e do mundo da vida, em sua tensão
ético-cognitiva.”
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p. 209 § 1
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“... o estilo artístico não trabalha com
palavras, mas com os componentes do mundo, com os valores do mundo e da vida...
a substituição do conteúdo pelo material suprime o desígnio artístico...”
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p. 209 § 1
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“...O autor encontrou a língua literária e as
formas literárias – o mundo da literatura e nada mais – e é este o terreno
onde nascerão sua inspiração, o ímpeto criador que o leva a iniciar novas
combinações e formas nesse mundo da literatura, sem sair dos seus limites.”
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p. 210 § 1
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“...É verdade que há obras concebidas e geradas
unicamente no mundo da literatura, mas é raro que sejam discutidas em vista
de sua absoluta nulidade artística...”
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p. 210 § 1
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“... Poderíamos dizer que são as formas da visão
artística e do processo de acabamento do mundo que determinam os
procedimentos literários externos, e não o inverso, é a arquitetônica do
mundo artístico que determina a composição da obra... e não o inverso”
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p. 210 § 1
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“... cumpre lutar contra as formas literárias,
velhas ou menos velhas, utilizá-las em combinações novas, superar-lhes a
resistência ou encontrar nelas um suporte, mas na base desse empreendimento,
está, determinante, a primeira luta artística contra a orientação
ético-cognitiva da vida e contra sua tenacidade significante...”
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p. 212 § 1
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“O artista jamais inicia desde o princípio na
qualidade de artista, ou seja, no começo ele não pode lidar com elementos
estéticos.”
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p. 213 § 1
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“...Devemos sentir na obra a resistência da
realidade do acontecer da existência; quando falta essa resistência, quando
não se desemboca nos valores do acontecimento do mundo, temos uma obra
inventada e carente de qualquer força artística de convicção... não há
critérios objetivos, comumente acatados, que permitam detectar a objetividade
estética, e a convicção é de ordem intuitiva...”
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p. 214 § 1
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“...A objetividade artística é a bondade
artística...”
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p. 214 § 1
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“Chamamos estilo a unidade constituída pelo
procedimentos empregados para dar forma e acabamento ao herói e ao seu mundo
e pelo recursos, determinados por esses procedimentos, empregados para
elaborar e adaptar (para superar de modo imanente) um material.”
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p. 214 § 1
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“...Uma exotopia aleatória não pode dar
segurança; ora, um estilo não pode ser aleatório...”
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p. 216 § 1
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“...o artista é algo determinado – não se pode
ficar artista, não se pode entrar nessa esfera delimitada; não se trata de
superar os outros na arte, mas de superar a própria arte.”
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p. 217 § 1
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“... A Cultura estética é uma cultura das
fronteiras... A utilização negativa dos elementos transcendentes... é
condicionada pelo peso excepcional que uma vida confere, em seu interior, aos
seus valores... e pela diminuição do peso... de valores dado à exotopia...”
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p. 217 § 1
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“...O elemento transcendente à vida é estruturado
pela tradição... a perda das tradições revela sua insanidade, a vida rompe
todas as formas por dentro...”
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p. 218 § 1
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“...O estilo como imagem unificada e concluída da
exterioridade do mundo: a combinação do homem exterior, de seu traje, de suas
maneiras com o seu ambiente de vida...”
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p. 214 § 2
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“A crise da função de autor também pode enveredar
por um caminho diferente: a posição de exotopia pode pender a uma exotopia
ética, perdendo sua especificidade estética...”
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p. 219 § 1
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“...O autor tem autoridade e o leitor precisa
dele não como uma pessoa, como o outro, como um herói, mas como um princípio
ao qual cumpre adequar-se...”
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p. 214 § 1
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“...A individualidade do autor enquanto criador é
uma individualidade criadora e de uma ordem particular, não estética... O
autor não pode, nem deve, determinar-se par anos como pessoa, pois estamos
nele, vivemos sua visão ativa; é somente no término da contemplação artística,
ou seja, quando o autor deixar de dirigir ativamente nossa visão, que
poderemos objetivar nossa própria atividade vivida sob a sua direção...”
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p. 220 § 1
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“... O autor deve ser compreendido, acima de
tudo, a partir do acontecimento da obra, em sua qualidade de participante, de
guia autorizado pelo leitor...”
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Leandro Moreira da Luz é aluno da
disciplina Literatura e outras linguagens: relações dialógicas no Programa de
Pós-Graduação em Sociedade e Desenvolvimento da Universidade Estadual do
Paraná. Campus de Campo Mourão – período 1/2014.

Muito bom, você conseguiu sintetizar a obra, parabéns !
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