segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CIÊNCIA POLÍTICA E TGE: Resumo (1)

Resumo referente ao primeiro bimestre 2012.2


Qual é o objeto de estudo da Ciência Política? 



                                                     Fatos ou fenômenos políticos. 
  

Como foi o seu surgimento? 


              No decorrer da primeira e segunda guerra mundial, com a posição de nova potência mundial os EUA passaram a assumir uma posição hegemônica mundial, irradiando sua influência no âmbito das nações unidas, com o ideal da “manutenção da paz e a construção da manutenção da democracia”; fora um elemento que contribuiu para aumentar a demanda por especialistas na área política o que fez proliferar cursos de ciências políticas em universidades no EUA.


Como ocorreu o surgimento da Ciência Política no Brasil? 



             Institucionalizou-se há pouco tempo, ainda em 1960 seu principal veículo era a Folha de São Paulo, editada pela UFMG. Sendo a Associação Brasileira de Ciência Política só fundada em 1975, passando a atuar efetivamente apenas à partir de 1995.



2- Observe este artigo, publicado na edição de O Globo, em 06/05/07, do colunista João Ubaldo Ribeiro:
 
 
     “Talvez hoje em dia, quando me dizem, que as faculdades de Direito formam técnicos em advocacia e não juristas, nem mais nelas se estude a disciplina de Teoria Geral do Estado, que, no meu tempo, a gente pegava logo no primeiro ano. Mas quem não saiu da escola analfabeto lembra-se de pelo menos alguns modelitos de Estado. Há (“há”, não; quero estar na moda e falar como todo mundo já fala: “você tem”), ou seja, você tem, por exemplo, o Estado do bem-estar social, dos quais o caso logo recordado é a Suécia. Nele o cidadão paga quase tudo o que ganha de impostos, mas o Estado também lhe dá quase tudo e todos vivem bem. E você tem do outro lado o Estado gendarme, o liberal clássico, que exerce funções básicas, como a segurança e outros serviços essenciais, e deixa o resto a cargo do jogo natural de interesses do indivíduo ou de grupos de indivíduos associados, em nossos dias o popular e nervosíssimo mercado. Você tem, enfim (agora o necessário gerúndio, para ficar logo de vez na moda), de estar fazendo um pequeno esforço para estar lembrando os tipos de Estado, como o totalitário com xilocaína que muitos americanos desejam acabar de instituir por lá, ou o totalitário tipo você-é para-mim-e-eu-não-sou-para-você, como o nazi-fascismo...”.

 
a) Como se justifica a importância da disciplina Teoria Geral do Estado para a formação do jurista?
 


     Quando se fala de “Estado” na prática, em suma, está se referindo ao estado jurídico, filosófico, social, psicológico, político, histórico, antropológico, econômico e psicológico  de um povo. Um jurista sem este embasamento incorrerá apenas em ideias abstratas desvinculadas de quaisquer raciocínios críticos reflexivos sobre a realidade.
 
3- Quais as características principais do Estado Antigo?
 
(a)  Natureza unitária: o Estado como uma unidade geral, sem divisões territoriais e funcionais; (A família, a religião, o Estado e a economia formavam um único bloco, sem consideração pela individualidade). Pensamento político aglutinado  pela religião, moral, filosofia e economia.
(b)Religiosidade: autoridade dos governantes e normas comportamentais como expressão do poder divino (Estado Teocrático)
 
4- Quais as características principais do Estado Grego e do Estado Romano?

 
1)    Estado Grego (776-323 a.c.):
a)    Autossuficiência e autarquia: independência, soberania, autonomia administrativa e legislativa;
b)   Liberdade política: a ausência de títulos e funções hereditárias possibilita o livre acesso às funções públicas e o direito da “livre expressão”, à argumentação pública do cidadão comum das atividades do governo.
 
1)    Estado Romano (Fundação de Roma 745 a.c.):
a)    Privilégios patriarcais: governantes supremos (magistrados) eram descendentes dos fundadores do Estado Romano (famílias patrícias) – Participação popular no poder restrita, o que perdurou até o Edito de  Caracala (212 a.C.);
b)   Separação entre o poder público e privado: prevalência do poder público, composto pelo imperium (autoridade), a potestas (poder organizacional) e majestas (enaltecimento do poder);
c)    Participação popular no governo – reservada;
 
5- Leia com atenção este artigo, publicado na edição dominical de O Globo, em 04 de setembro de 2005, sobre os efeitos do furacão Katrina no âmbito da sociedade norte-americana.
 
     “Primeiro foram os saques a farmácias e lojas de conveniências. Remédios, água e comida. Depois começaram a aparecer caixas de cervejas abarrotando carros não submersos de Nova Orleans. Em questão de horas, joalherias e bares turístico do Bairro Francês passaram a ser o alvo. Começaram os casos de assaltos a casas abandonadas e a pessoas. Relataram-se espancamentos. Nos centros que reúnem refugiados como o estádio Superdome, a comida começou a ser roubada e, na sexta-feira, houve estupros. Helicópteros que tentavam resgatar pacientes num hospital sem energia elétrica foram recebidos a tiros por assaltantes. No Centro de Convenções da cidade, seis esquadrões, com onze policiais cada, foram impedidos de entrar por bandidos armados. À fúria da natureza, que varreu a costa da Louisiana, Mississipi e Alabama com o furacão katrina, seguiu-se um processo de degradação humana que, para muitos, lembrou uma espécie de retorno ao estado de natureza, condição descrita pelo filósofo político inglês Thomas Hobbes como a fase do ser humano anterior à organização da sociedade e do Estado.”
 
 
a) Como a teoria contratualista explica a origem da sociedade e do Estado?
 
    
     Para a teoria contratualista as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou outra autoridade a fim de obter vantagens de ordem social. Dessa forma o Estado e a sociedade política, originaram-se de uma convenção entre membros da sociedade humana.
 
 
6-  Leia o texto a seguir:
Estado Violência
Sinto no meu corpo
A dor que angustia
A lei ao meu redor
A lei que eu não queria
Estado violência
Estado hipocrisia
A lei que não é minha
A lei que eu não queria (...)
 
(TITÃS. Estado Violência. In: Cabeça dinossauro. [S.L.] WEA, 1986, 1 CD (ca. 35’97”). Faixa 5 (3’07”).)
 
     A letra da música “Estado Violência”, dos Titãs, revela a percepção dos autores sobre a relação entre o indivíduo e o poder do Estado. Sobre a canção, é correto afirmar:
 
a) Mostra um indivíduo satisfeito com a sua situação e que apóia o regime político instituído.
b) Representa um regime democrático em que o indivíduo participa livremente da elaboração das leis.
c) Descreve uma situação em que inexistem conflitos entre o Estado e o indivíduo.
d) Relata os sentimentos de um indivíduo alienado e indiferente à forma como o Estado elabora suas leis.
e) Apresenta um indivíduo para quem o Estado, autoritário e violento, é indiferente a sua vontade. [CERTA]
 
7- Leia o texto abaixo e responda a questão que se segue:
 
    “Nada havendo de maior sobre a terra, depois de Deus, que os príncipes soberanos, e sendo por Ele estabelecidos como seus representantes para governar os outros homens, é necessário lembrar-se de sua qualidade, a fim de respeitar-lhes e reverenciar-lhes a majestade com toda a obediência, a fim de sentir e falar deles com toda a honra, pois quem despreza seu príncipe soberano despreza a Deus, do qual é a imagem na terra” (O príncipe, de Maquiavel).
 
A qual corrente teórica justificadora do poder estatal está relacionada este texto?
 
a)    Absolutismo vinculado à questão religiosa
b)    Contratualismo.
 
 
8. Observe a figura:
 
    
 
     Ao refletir a respeito da origem da modernidade, Habermas a associa ao surgimento de uma “consciência temporal” que confronta o moderno ao antigo e cria uma concepção histórica processual da vida, cujo horizonte é um futuro que não pode ser previsto. Para o autor, a modernidade é um “projeto inacabado”, no qual se deve aprender com os desacertos que acompanham o projeto.
      A Teoria da Modernidade de Habermas integra a Teoria da Ação Comunicativa. Essa teoria procura explicar a origem da moderna sociedade ocidental, diagnosticar seus problemas e propor correção. Para tal, baseia-se em um conceito de sociedade que associa a perspectiva subjetiva do mundo vivido à perspectiva objetiva e do resgate de um conceito de racionalidade.
 
ARANTES, O.; ARANTES, P. Um ponto cego no projeto moderno de Jürgen Habermas. São Paulo: Brasiliense. 1992.
 
Considerando como base a imagem e o fragmento de texto acima, redija um texto dissertativo sobre a modernidade e a pós modernidade.
 
 
              Para Habermas a modernidade buscou (ou busca) se certificar de si estabelecendo seu fundamento e diferenciando-se da tradição anterior. Neste interim, a modernidade nasce do pressuposto racionalístico estratégico de que para atingir determinado fim devem-se usar determinados meios: “Weber entende esse processo como a institucionalização de uma ação econômica e administrativa racional com respeito a fins” (HABERMAS, 2000, p. 4). No outro extremo, o “pensamento” pós-moderno nasce da falência destes “metarrelatos” da modernidade estabelecendo um estado de “incredulidade em relação aos metarrelatos” (LYOTARD, 1988, p. 16). Tais observações sumárias servem aqui, portanto, para exemplificar o hiato entre as duas concepções filosóficas de que se pretende relacionar abaixo. 
Numa retrospectiva, observamos que a modernização nasce da diferenciação entre economia e poder, que antes do advento da sociedade burguesia permaneciam interligados e agora se separam em: empresa capitalista (o privado) e o aparelho burocrático do estado (o público). Na sua investigação Habermas aponta três grandes eventos: A Reforma Protestante, A Revolução Francesa e o Iluminismo como rupturas nas tradições vigentes anunciando “novos tempos”: a chegada da modernidade. Para tal, a modernidade deveria se certificar de si e estabelecer seu fundamento diferenciando-se da tradição anterior, o que podemos ver nestas quatro subjetivações: a) o individualismo; b) o direito de crítica; c) autonomia de ação; e d) filosofia idealista. Este “diferenciamento” constitui-se no advento do esclarecimento da sociedade moderna através de um processo de secularização, que, no entanto, não consegue promover a unidade social (conciliação) que a religião promovia e que segundo Hegel seria conquista pelo Estado. (HEGEL, 2001, p.91).
               No outro lado, como supracitado, a pós-modernidade se recusa a revisar o conceito de razão (tal como Nietzsche) se libertando destes “punhos de aço” da razão universal e buscando a revalorização de tradições que a própria ciência expurgou defendendo um pluralismo metodológico. A crítica pós-moderna consubstancia-se que a própria base de desvinculação ou “distanciamento em relação a uma forma de vida ou de consciência na qual anteriormente se havia confiado de maneira ingênua e irrefletida” (HABERMAS, 1992, p. 127) é a forma de vida ingênua que a modernidade confiava.
            Para fechar nossa ideia, coloca-se que o próprio Habermas é zeloso sobre essa questão de “mudança de época”: “o pensamento pós-moderno se arroga meramente uma posição transcendental, quando, de fato, permanece preso aos pressupostos da autocompreensão da modernidade [...]” (HABERMAS, 2000, p.8). A pós-modernidade seria um projeto de substituir o projeto “falido” da modernidade e não uma característica dominante na sua época. Para Habermas um “culto” a um pluralismo sem critérios gera um relativismo exacerbado, uma sensação de “tanto faz”, captando apenas na cultura um “desejo de ruptura”.
 
 
 
9- Quais são as teorias que explicam a formação originária do Estado? Comente sobre cada uma delas explicando a sua importância para a formação do Estado.
 


a)    Origem familiar ou patriarcal: Sustenta que o Estado deriva de um núcleo familiar, cuja autoridade suprema pertenceria ao ascendente mais velho (patriarca). O Estado seria assim uma ampliação da família patriarcal. Grécia e Roma tiveram essa origem. O Estado de Israel originou-se da família de Jacoh, conforme relato bíblico.


b)    Teoria da Força, Violência ou Conquistas: afirma que a organização política surgiu do poder de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos, sendo o poder público uma instituição que surgiu com a finalidade de regulamentar a dominação dos vencedores e a submissão dos vencidos. (Hobbes discípulo de Bacon, foi o principal sistematizador dessa teoria)


c)    Teoria das causas econômicas ou patrimoniais: coloca que o Estado origina-se da união de “profissões econômicas” sendo função do Estado proteger a propriedade e as relações de ordem patrimonial (O Estado Feudal da idade média ajustava-se perfeitamente a esta concepção).
 

 


10- Em que consiste as teorias contratualistas? Como elas justificam a formação   do Estado? 

 
     Consiste na ideia que foi a vontade de alguns homens, ou então de todos os homens que levou à criação do Estado. Essa noção de contrato traz implícito que as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou autoridade a fim de obter vantagens de ordem social.
 
 
 
11- Quais são as características do Estado Antigo, Feudal e Moderno? Discorra sobre cada uma das características.
 
 
a)    Estado Antigo: Povos (civilização do oriente ou mediterrâneo: Egito, Pérsia, Assíria, Babilónia, etc.). Organização político-social dividida em castas com predomínio da classe sacerdotal. Família, religião, Estado (mero objeto da vontade divina) e economia formavam um único bloco e o pensamento político era aglutinado pela religião, moral, filosofia e economia.



b)    Estado Medieval (século XV à XIV): pluralidade e sobreposição de centros de poder (reinos, senhorios, comunas, organizações religiosas, corporações de ofício) e ordens jurídicas. Cristianismo _ afirmação de igualdade entre os homens (sacro império romano-germânico). Várias situações de guerra e indefinição de fronteiras políticas. Ascenção e queda do feudalismo: sec. V a XI – atividades de subsistência das famílias, moeda precária e formação dos feudos; sec. XI a XII: surgem mercados extra feudos (surge a burguesia), relações feudais e relações mercantilistas; sec. XVI a XV: ampliação das cidades, formação de mercados, apoio da burguesia à realeza em suas pretensões centralizadoras, enfraquecimento do feudalismo.
 
 
c)    Estado Moderno: surge com o fim do feudalismo e a diminuição da autoridade da igreja. a) soberania do Estado: não permite outra autoridade (monarquia absolutista); b) distinção entre Estado e Sociedade Civil:  o capitalismo demandava um conjunto de normas para a burguesia em ascenção; c) características fundamentais: território, povo, soberania e finalidade; (Os primeiros Estados modernos foram: Inglaterra, Portugal, França e Espanha)
 
 


12 - Em que consistia a democracia do Estado Grego?
 
     Afirmava a igualdade entre todos os homens adultos perante as leis e o direito de todos de participar do governo da polís. Sendo esta democracia direta e não por eleição, garantia aos cidadãos gregos a participação no governo para exprimir, discutir e defender em público suas opiniões sobre as decisões (CHAUÍ, 1997, p.36). No entanto, a democracia grega difere da atual, uma vez que não era reconhecido o sufrágio universal, em detrimentos dos estrangeiros, escravos e mulheres.
 
13- Quais foram as modificações ocorridas na Europa que culminaram com a formação do Estado Moderno?
 
 
     A ampliação do comércio e das cidades, o apoio da burguesia à realeza em suas pretensões centralizadoras, o fim do feudalismo (libertação progressiva dos servos, a formação/consolidação da burguesia, o enriquecimento de alguns burgueses à custa do proletariado, a melhor circulação da moeda: início do capitalismo). Ainda pode-se colocar a Reforma Protestante, a Revolução Francesa e o Iluminismo.
 
14- Você acha que é importante a participação política? Justifique a sua resposta.
 
 
     Acho importante a participação na política porque é a única maneira de amenizar os gargalos inerentes às contrariedades do sistema capitalista que hoje privilegia a acumulação externa aqui no Brasil e que antes privilegiava a centralização de renda numa política cíclica de favores e concessões às classes dominantes brasileiras. Mas, não acho que o sufrágio universal constante na democracia brasileira difere muito da democracia grega, já que não vejo iniciativas quando à “liberdade de pensar”: hoje não separamos escravos e mulheres, mas, em contrapartida, nos separamos, em suma, em alfabetizados com acessos às informações e iletrados sem oportunidades de estudo de qualidade.  
 
 
15 - Leia o texto: 
 
 
Você concorda com os dizeres do texto acima? Justifique a sua resposta.
 
 
     Concordo. Porém o ataque de Brecht, apesar de muito motivador, deve ser direcionado àqueles que podem ouvi-lo ou lê-lo: a miopia política vem acompanhada de uma surdez e visão do mesmo patamar. O problema está no “pensar” do povo e no “agir” da classe dominante: o povo não tem “cabeça” e os governantes não tem “pernas nem braços”; este primeiro não tem liberdade de pensamento crítico por não conhecer o ferramental necessário e o segundo não quer agir por inércia ou por falta de ideologia/identidade. Deve antes de tudo participar quem se considera cidadão e pode pensar sem perder sua identidade quando passar para o outro lado do "balcão".
 
 
 
BIBLIOGRAFIA
 
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1997, 8­a edição.
HABERMAS, J. Arquitetura moderna e pósmoderna; Modernidade: um projeto inacabado. In: ARANTES, Otília Beatriz Fiori & Paulo Eduardo. Um ponto cego no projeto estético de Jürgen. Habermas: arquitetura e dimensão estética depois das vanguardas.   São Paulo,  Brasiliense, 1992.
 
__________. O discurso filosófico da modernidade: doze lições. Trad. Luiz Sérgio Repa, Rodnei Nascimento. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
 
__________. Pensamento pós-metafísico: estudos filosóficos. 2. ed. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. 2002.



 




 



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