domingo, 11 de novembro de 2012

Publicação no Jornal Folha do Paraná em 2008: "A preocupação com os preços"


Em 1958 foi publicado na revista Econômica um artigo intitulado The Relation between Unemployment and the rate of Change of Money Wage Rates in the United kingdow, por A. W. Phillips que demonstrava uma relação inversa entre Inflação e Desemprego na economia da Inglaterra no período de 1861-1913.

Em outras palavras, segundo o estudo relatado, quando o nível de preços aumentava o desemprego caía na Inglaterra e quando havia deflação o nível de pessoas empregadas diminuía.

A inflação sempre foi uma preocupação econômica, mesmo antes do estudo feito por Phillips podemos constatar historicamente momentos em que por vários fatores, o nível de preços saiu do controle.

No Brasil os primeiros cálculos referentes à inflação foram em 1920 baseados nos gastos de apenas uma família, a de Leo Fonseca Júnior, cálculos estes que não refletiam a realidade do país. Primeiramente pela amostra do gasto de apenas uma família e, em segundo, por se tratar de uma família da classe média alta da população. Após isso, em 1936, a inflação passou a ser calculada pela FGV, melhorando estatisticamente os números, nesse tempo ela foi denominada: Índice de Custo de Vida (ICV).

Num contexto de uma mudança estrutural significativa no país em meados de 1950 podemos observar problemas inflacionários (provavelmente estes já existiam a longa data), mas o primeiro projeto de estabilização surgiu com os militares no poder depois de 1964. Neste período foi utilizado o Paeg (Programa de Ação Econômica do Governo) que diagnosticou a inflação apontando o déficit público, a expansão de crédito as empresas e as majorações de salários em proporção superior ao aumento da produtividade como as três causas da inflação brasileira vigente na época.

De lá pra cá, vimos muitos planos estabilizadores: O Programa de Estabilização sob a batuta de Delfim Neto entre 1980 e 1985, O Plano Cruzado (1986), O Plano Bresser (1987), um método ortodoxo-gradualista de combate à inflação, que teve o modesto título: “Política do Feijão com Arroz” (1988), O Plano Verão (1989), Plano Collor em 1990 (quem não se lembra desse?) e o Plano Real (1994) que conseguiu vencer a guerra da Hiperinflação no Brasil.

Nesse ínterim, podemos observar como a preocupação com os preços é algo vigente na economia brasileira, não apenas na atualidade. Claro que a necessidade (algumas vezes psicológica) de aumentar os preços muda de tempos em tempos na sua origem. Isso podemos notar nas últimas palavras do Presidente Lula sobre inflação, dizendo que precisamos produzir mais alimentos para reduzir a inflação ou nas palavras do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI): Dominique Strauss-Kahn, alertando para uma desaceleração da atividade econômica e inflação maior (contradizendo até a teoria de Phillips original).

O importante é ficar atento a todas essas mudanças de paradigmas e também observar todos os sinais que o mercado nos dá a toda hora, o que faz a diferença é a informação certa na hora certa e também a capacidade de interpretá-la corretamente. Então, sem mais perca de tempo, vamos investir em educação, é isso que vai fazer toda a diferença no futuro.


Publicado em 14 de Abril de 2008 no Jornal Folha do Paraná.

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