sábado, 15 de dezembro de 2012

RESENHA DO ARTIGO: A TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA: AS GRANDES TENDÊNCIAS DE MUDANÇAS.


COUTINHO, Luciano. A Terceira Revolução Industrial e Tecnológica: As Grandes Tendências de Mudança. Economia e Sociedade, Campinas, n.1, p. 69-87, ago., 1992.

 
O artigo analisa o evolver da economia mundial capitalista no período entre 1983 e 1990 marcados pela expansão sustentada e estabilidade de preços, apontando as sete principais tendências emergentes no cenário mundial nos últimos anos e que “devem ganhar corpo ao longo dos anos 90”, após dez anos de estagflação (1973-83) distinguidos por choques de preços do petróleo, choque da taxa de juros e consequente instabilidade financeira, relativa paralisia dos fluxos de acumulação produtiva de capital e pela expressiva redução das taxas de incremento na produtividade.    


Após sinalizar uma “espetacular” capacidade política de coordenar a conjuntura econômica norte-americana o autor observa a formação de um novo paradigma tecnológico “no mais puro sentido neo-schumpeteriano”. Nesse “novo paradigma” há uma articulação e difusão de indústrias, setores e segmentos na forma de um “complexo eletrônico” articulado pela convergência intrínseca da tecnologia da informação num cluster de inovações sobre as estruturas industriais das principais economias capitalistas, sendo que as condições técnicas para tal virtuoso empreendimento configura-se desde meados dos anos 1970 com a aproximação da base tecnológica das indústrias de computadores e periféricos, telecomunicações, parte importante da eletrônica de consumo e um segmento da área de automação industrial.



Desse modo, evidenciam-se sete tendências que emergem neste novo contexto produtivo inovador: 

a) o peso crescente do complexo eletrônico nas principais economias capitalistas _ maior diversificação e maior interação gerando um maior grau de integração dentro da estrutura industrial fundindo-se num complexo eletrônico-mecatrônico; 
b) um novo paradigma de produção industrial: a automação flexível _ otimização parcial ou global dos sistemas com o controle e automação em tempo real do processo industrial por meio da difusão acelerada de mecanismos digitalizados capazes de programar o processo de automação, em contraponto com a automação dedicada, repetitiva e não programável dominante na maior parte do século XX, significando a fusão radical da mecânica e da eletrônica digital, além da mudança de produção do tipo “manufatureiro-artesanal” para a produção de bens “customizados”; 
c) Revolução nos processos de trabalho _ a fábrica transformada num organismo “inteligente” capaz de aprender e ajustar-se, possibilitando uma variedade “customizada” de produtos sem perda das economias de escala e com plena captura das economias de escopo; 
d) transformação das estruturas e estratégias empresariais _ “cooperação, coordenação, qualidade, valorização dos recursos humanos, descentralização de responsabilidades com participação dos trabalhadores, elevado nível de qualificação, interação entre P&D, produção, marketing, diferenciação de produtos em atenção as preferências dos usuários, utilização de automação flexível _ viabilizando a “customização em massa” da oferta dos produtos”; 
e) As novas bases da competitividade _ a competitividade como dimensão sistêmica, isto é, a interação acentuada entre empresa privada e as instituições públicas de ciências e pesquisa aplicada e a independência da dotação de fatores e recursos naturais, em outras palavras, as vantagens comparativas tendem a ser vantagens construídas, exercitadas e dependentes de um esforço continuado para serem mantidas; 
f) A “globalização” como aprofundamento da internacionalização _ abertura irrestrita das economias nacionais aos fluxos de investimento, comércio e tecnologia; 
g) As “alianças tecnológicas” como nova forma de competição _ acordos de cooperação, projetos conjuntos, consórcios de pesquisa, joint-ventures, etc. Observando que, mesmo dentro dos respectivos grupos ocorre um aguçamento da concorrência interoligopolista.

 
Por fim, observa-se um cenário de inovação econômica entendida, como cita o autor, como uma “onda schumpeteriana endogenamente articulada”, fator essencial do dinamismo das economias capitalistas do período analisado (1983-90) marcados pela expansão sustentada e estabilidade de preços.



Leandro Moreira da Luz é aluno da disciplina Economia Brasileira no Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá – período 2/2011.


                       

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